É o que sugere uma pesquisa recente publicada nos Estados Unidos que analisou o efeito do programa infantil Vila Sésamo (Sesame Street, no original americano) nas crianças da década de 1970.
De acordo com os pesquisadores, depois da introdução do programa Vila Sésamo na TV americana, as crianças que viviam nos estados que recebiam o sinal da transmissão registraram 14% menos chances de terem atraso na escola. Impacto semelhante teve um dos programas de Primeira Infância mais conhecidos nos Estados Unidos, o Head Start, voltado para famílias de baixa renda.
Mas, afinal, qual o segredo do Vila Sésamo? De acordo com Melissa Kearney (Universidade de Maryland) e Phillip Levine (Wellesley College), autores do estudo recém-divulgado, o impacto do programa provavelmente vem de uma combinação de entretenimento com elementos curriculares, focado em leitura e matemática. Essa pode ser a origem dos efeitos positivos registrados na escolaridade das crianças, apesar de não ser possível precisar.
Para chegar à conclusão de que a Vila Sésamo educou as crianças americanas, deixando-as no mesmo nível daquelas que frequentaram a pré-escola, os pesquisadores cruzaram informações de desempenho dos alunos do sistema escolar dos Estados Unidos com dados da rede de transmissão televisiva. Como milhares de pessoas ainda não tinham acesso à televisão naquela época, os economistas puderam observar o desempenho dos dois grupos na escola.
O programa infantil foi criado em meados de 1960 nos Estados Unidos por um grupo que misturava profissionais de publicidade e educadores. Em 1972, o Vila Sésamo (originalmente Sesame Street) foi adaptado para o português para as crianças brasileiras, que assistiram a turma de Garibaldo em telinhas preto e branco até 1977. Em 2007, o programa também chegou a ser recriado em uma versão a cores aqui no Brasil.
O estudo americano reforça algo que já sabemos: a tecnologia pode fazer muita coisa que a gente pensava que só as pessoas podiam fazer. Isso aconteceu na indústria, no setor de serviços e agora começa a aparecer na educação. Portanto, não se trata de competir com a tecnologia. Mas sim identificar seus potenciais e utilizá-la a nossa serviço. Eis o desafio: saber onde o ser humano é insubstituível e onde ele faz a diferença.
(com Portal EBC e Instituto Alfa e Beto).