"A USP não desenvolveu estudos sobre a ação dos produtos nos seres vivos, muito menos estudos clínicos controlados em humanos. Não há registro e autorização de uso dessa substância pela Anvisa e, portanto, ela não pode ser classificada como medicamento, tanto que não possui bula", diz o comunicado.
A substância vinha sendo fornecida gratuitamente por funcionários da USP no campus de São Carlos, mas uma portaria do Instituto de Química restringiu a distribuição. Desde então, a briga foi parar na justiça, culminando na liberação da droga pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. As pessoas têm formado filas para retirar o produto, na esperança de alcançarem a tão sonhada cura para o câncer.
"É compreensível a angústia de pacientes e familiares acometidos de doença grave. Nessas situações, não é incomum o recurso a fórmulas mágicas, poções milagrosas ou abordagens inertes. Nessas condições, pacientes e familiares aflitos se convertem em alvo fácil de exploradores oportunistas", afirma o comunicado.
Como mostra o médico oncologista Alexandre Chiari, da Oncomed BH, o câncer compreende centenas de doenças biologicamente distintas. Portanto, afirmar que uma droga pode "curar" a doença é uma ilusão.
A universidade também afirma não ter capacidade de produzir a substância na escala em que vem sendo solicitada. A reitoria sugere que a justiça busque a indústria química caso queira obrigar uma distribuição da fosfoetanolamina em grande escala. "Não há, pois, nenhuma justificativa para obrigar a USP a produzí-la, sem garantia de qualidade", informa o comunicado..