"Temos que nos precaver", diz o diretor de Fiscalização do DNPM, Walter Arcoverde. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Extração de Ferro de Mariana, Ronaldo Alves Bento, também confirma que existe iminente risco de rompimento. "Tem gente que não foi desmobilizada em Barra Longa e outros distritos. Temos que nos preocupar, sim, com um plano de ação".
Há 12 dias, uma barragem de rejeitos da mineradora Samarco – controlada pela Vale e pela BHP – se rompeu e destruiu o distrito de Bento Rodrigues, deixando mais de 600 moradores desabrigados. Sete mortos foram identificados, quatro corpos aguardam identificação e 12 pessoas permanecem desaparecidas. Na terça, dia 17, a Samarco admitiu o risco de rompimento das duas barragens.
Segundo os participantes da audiência, a mineradora não avisou aos moradores atingidos sobre o que estava ocorrendo, o que impediu a fuga de vítimas. "Ninguém foi avisado. A barragem começou a romper duas horas antes e daria tempo para avisar todo mundo.
Decreto polêmico
A subprocuradora da república, Sandra Cureau, aproveitou para criticar o decreto assinado pela presidente Dilma Rousseff que acrescentou o rompimento de barragens à lista de "desastres naturais", para fins de saque do saldo do FGTS pelos atingidos.
"Isso pode ser usado pela Samarco para dizer que não deu causa ao desastre. Se foi natural, não é responsabilidade de ninguém. A presidente não pode editar um decreto dizendo que um quadrado é redondo, que uma laranja é azul. Esse desastre não é natural", diz Sandra. "Não será o povo brasileiro, por meio de seus impostos, que vai pagar pelo desastre que a Samarco, com a sua negligência, causou", completa.
Em sua conta oficial no Twitter, a Casa Civil chegou a afirmar que o decreto tem como objetivo beneficiar os atingidos com o saque do FGTS. "De forma alguma, exime as empresas responsáveis pela reconstrução das moradias dos atingidos ou do pagamento de qualquer prejuízo individual ou coletivo; haja visto o processo de apuração em andamento e as multas já aplicadas pelo Ibama".
(com Agência Brasil).