"Mais de um mês após o evento, centenas de milhares de pessoas dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo ainda sofrem com interrupções no abastecimento de água", alerta o especialista.
"Como medida de emergência, as autoridades públicas vêm distribuindo água em alguns pontos, e as empresas de mineração têm levado água engarrafada às áreas afetadas.
Relatos têm apontado que as pessoas têm sido obrigadas a ficar em filas durante horas para conseguir pequenas quantidades de água, que são insuficientes para manter práticas adequadas de saneamento e de higiene. Além disso, ele observa que pessoas idosas ou com deficiências não têm recebido um acesso prioritário.
"O descontentamento geral vem aumentando devido à má gestão dessa crise no abastecimento de água, que já gerou algumas situações violentas e pode levar a mais agitação ainda", alerta o especialista.
"Relembro ao governo brasileiro que a lei internacional dos direitos humanos estabelece que o estado tem a obrigação de intervir em situações como esta, proporcionando acesso à água segura e suficiente, bem como a alternativas para o saneamento básico", enfatiza Heller.
"Compreensivelmente, as pessoas estão preocupadas com a qualidade da água distribuída pelos sistemas de abastecimento que já foram reestabelecidos. Também estão frustradas por receberem informações inconsistentes e inadequadas sobre a segurança da água, por parte das diferentes autoridades", diz o relator. "É um elemento essencial dos direitos humanos à água e ao saneamento receber acesso à informação relativa à segurança da água", adiciona.
O especialista da ONU observou que algumas análises da água e dos sedimentos do rio Doce revelaram níveis de elementos tóxicos que superam os níveis aceitáveis.
"Insto o governo a tomar medidas preventivas de acordo com o princípio da precaução", diz Heller. "O governo deve fortalecer o monitoramento da água bruta e tratada, aperfeiçoar o tratamento de água e divulgar informação clara à população para proteger assim seus direitos humanos à água segura e ao saneamento", conclui o relator da ONU.
(com Agência ONU).