"Se prestarmos atenção, encontraremos por toda a Amazônia, evidências de que essa região foi densamente ocupada no passado, com pessoas vivendo por toda parte. Essas pessoas eram os ancestrais dos povos indígenas que vivem até hoje por lá. Se andarmos na região, no interior de Rondônia, do Pará, no Amazonas, na beira dos grandes rios, vamos encontrar evidências de que pessoas viveram ali. É comum encontrar em casas dessas regiões, as 'caretas' , além de objetos de pedra lascada, machadinhas e outros utensílios antigos", conta Eduardo Neves, em entrevista à Rádio Nacional da Amazônia, no dia 11 de fevereiro.
De acordo com o arqueólogo, já existem estudos que comprovam a antiguidade desses materiais e, consequentemente, das populações que vieveram na região. "Sabemos, hoje, que existem pessoas vivendo na Amazônia há pelo menos 14 mil anos, quase na época em que o continente americano foi ocupado. Os povos indígenas que vivem nas Américas descendem de populações que vieram da Ásia e migraram por volta de 20 mil anos atrás", explica Eduardo Neves.
Na região do rio Guaporé, num sítio arqueológico chamado Abrigo do Sol, escavado na década de 1970, foram feitas datações de carbono que comprovaram a presença humana há 14 mil anos. Em Monte Alegre e na serra dos Carajás, no Pará, no baixo rio Negro e na Amazônia colombiana, também foram comprovados vestígios de atividades de populações com mais de 10 mil anos.
Segundo o arqueólogo, a colonização da Amazônia foi realizada por grupos de caçadores-coletores que não eram primitivos.
Eduardo Neves acredita que os castanhais de hoje, que são importantes para a atividade econômica das populações ribeirinhas e para povos indígenas, foram cultivados pelos ancestrais que viveram na região. Outras árvores também teriam sido introduzidas pelas povos antigos, como o cacau, o açaí e o guaraná.
O cientista faz um alerta: "Caso a população encontre algum objeto antigo, não o quebre, nem danifique, em busca de algo precioso. Leve-o a um especialista, à prefeitura ou a um professor. Essa é nossa herança, um registro valioso do passado do Brasil".
(com Rádio Nacional da Amazônia).