Chamado de V404 Cygni, o buraco negro, que fica a cerca de 7,8 mil anos-luz da Terra, já havia sido descoberto em junho de 2015, e desde essa época, já se sabia que ele estava sendo "forçado" a "ingerir" material proveniente de uma estrela gigante que fica ao lado dele. Mas, como mostra o estudo publicado no dia 14 de março no jornal Monthly Notices, da Sociedade Real de Astronomia, da Inglaterra, um time formado por astrônomos de várias partes do mundo, liderados por pesquisadores da Southampton, percebeu que o V404 Cygni ficou "saturado" de material e passou a emitir flashes ultrarrápidos de luz vermelha, como forma de eliminar o "excesso" de material que não consegue "engolir".
Esse fenômeno está ajudando os cientistas a entenderem melhor o funcionamento de um buraco negro. "A alta velocidade com que o material é ejetado nos mostra que a região que está emitindo a luz vermelha deve ser muito densa. Somando a cor, a velocidade e o poder desses flashes de luz, concluímos que esses jatos estão sendo gerados na base do buraco negro. Mas, sua origem exata ainda não foi identificada", explica Poshak Gandhi, professor de astronomia da Universidade de Southampton, e líder do grupo internacional que está realizando a pesquisa – ela conta com astrônomos dos Estados Unidos, da Índia, dos Emirados Árabes e de outros países da Europa.
Para se ter uma ideia, cada flash emitido pelo V404 Cygni possui uma potência equivalente a mil sóis e podem ter uma duração que chega a menos de 1/40º de segundo, ou seja, é 10 vezes mais rápida que um piscar de olho. Portanto, para capturar o fenômeno, os astrônomos tiveram de utilizar uma câmera extremamente rápida, chamada Ultracam, que está instalada no observatório astronômico William Herschel Telescope, em La Palma, nas Ilhas Canárias..