Revista Encontro

Saúde

Fiocruz usa bactéria para combater dengue, zika e chikungunya

Chamada de wolbachia, ela anularia o crescimento dos vírus no mosquito Aedes aegypti

João Paulo Martins
Uma pesquisa que teve início na Austrália e passou a ser realizada no Vietnã, na Indonésia, na Colômbia e no Brasil (por meio do Instituto Oswaldo Cruz, a Fiocruz), testa o uso de uma bactéria, chamada de wolbachia, no controle dos vírus transmissores da dengue, do zika e da febre chikungunya.
O micro-organismo é injetado no mosquito Aedes aegypti, que passa a ficar imune a essas doenças epidêmicas, que estão assustando o Brasil.

Desde 2014, a Fiocruz vem realizando testes desse novo método de controle de moléstias, por meio da soltura de exemplares de Aedes "infectados" com a bactéria do bem. Somente entre agosto de 2015 e janeiro deste ano, foram liberados 340 mil mosquitos em duas cidades: Rio de Janeiro e Niterói. "Podemos afirmar que ocorre uma redução significativa na capacidade de transmissão dessas doenças. Vimos que, quando a wolbachia está presente, não se detecta os vírus da dengue, da chikungunya e do zika na saliva dos mosquitos", diz Luciano Moreira, pesquisador da Fiocruz, em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo.

Segundo o especialista, quando um mosquito macho, que contém a wolbachia, acasala com uma fêmea normal, esta se torna estéril, ou seja, seus ovos não são capazes de gerar novos indivíduos. Além disso, quando o mosquito fêmea recebe a bactéria, ela passa a ser transmitida para os "descendentes".

Essa técnica australiana, que usa a wolbachia retirada da mosca-da-fruta (Drosophila melanogaster), é totalmente segura para o meio ambiente e, ainda mais importante, não causa nenhum efeito nos seres humanos.

O pesquisador da Fiocruz, Luciano Moreira, ainda na entrevista exibida pelo Jornal Nacional, conta que já estão sendo realizadas parcerias, especialmente com o Ministério da Saúde, para que os mosquitos "infectados" com a bactéria do bem possam ser soltos em outras cidades do país..