O caso Watergate, que levou à renúncia do então presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, em 1974, foi citado para justificar que o presidente da República não tem garantia absoluta da privacidade de suas ligações. "Nem mesmo o supremo mandatário da República tem um privilégio absoluto no resguardo de suas comunicações, aqui colhidas apenas fortuitamente, podendo ser citado o conhecido precedente da Suprema Corte norte-americana em US v. Nixon, 1974, ainda um exemplo a ser seguido", afirma Moro.
Além disso, Moro esclarece que ele não monitorou as ligações de Dilma, que tem foro por prerrogativa de função e não pode ser monitorada pela primeira instância da justiça. "A circunstância do diálogo ter por interlocutor autoridade com foro privilegiado não altera o quadro, pois o interceptado era o investigado e não a autoridade, sendo a comunicação interceptada fortuitamente".
Entenda o caso Watergate
O jornal Washington Post noticiou, em 18 de junho de 1972, um assalto à sede do Comitê Nacional Democrata, na véspera, na capital norte-americana, Washington. Cinco pessoas foram flagradas tentando fotografar documentos e instalar aparelhos de escuta no escritório do partido.
Os repórteres Bob Woodward e Carls Bernstein continuaram investigando o assalto nos meses seguintes e conseguiram constatar ligações da Casa Branca – a sede do governo americano – ao assalto. Uma pessoa, conhecida apenas como "Garganta Profunda", havia informado que o então presidente Richard Nixon, do Partido Republicano, tinha conhecimento das operações.
Nixon foi eleito presidente pela primeira vez em 1968 e, na ocasião do assalto, disputava a presidência dos Estados Unidos com o senador democrata George McGovern. Nixon foi o terceiro presidente a ter que lidar com a Guerra do Vietnã, e mesmo com o desgaste político de manter uma guerra tão longa, venceu em 48 dos 50 estados.
Nas investigações que se seguiram ao assalto, foram levantadas evidências de que um dos invasores tinha sido contratado e remunerado pelo comitê de campanha de Nixon . Em comissão de investigação no Senado, algumas fitas gravadas puderam comprovar que o presidente Nixon tinha conhecimento dos atos de espionagem do Partido Republicano contra seu adversário. Em 9 de agosto de 1974, Nixon renunciou à presidência. Seu vice, Gerald Ford, o substituiu e lhe deu uma anistia, perdoando as responsabilidades legais pelo fato.
A identidade de "Garganta Profunda" se tornou conhecida em 2005, quando o ex-vicepresidente do FBI (Agência Federal de Investigação, em português), William Mark Felt, revelou ser a fonte. A informação foi confirmada pelos repórteres que investigaram o caso.
Bob Woodward e Carls Bernstein escreveram um livro sobre o caso, chamado de Todos Os Homens do Presidente, que virou filme dois anos depois, sob a direção de Alan J. Pakula.
(com Portal EBC).