Revista Encontro

Bem-estar

'Colar' identifica sons dos alimentos e pode ajudar nas dietas

O acessório é provido de um microfone que captura o som da mastigação e ajuda no reconhecimento do alimento ingerido

João Paulo Martins
Cenoura, maçã, biscoito, amendoim, não são apenas alimentos diferentes, com qualidades distintas, mas também produzem sons únicos quando são mastigados.
Apesar de parecer estranho se preocupar com a sonoridade de um alimento mastigado, essa informação está sendo usada por uma pesquisa americana para criar um "colar" que poderá ajudar na manutenção de dietas, apenas "ouvindo" o que a pessoa está comendo.

Para isso, o cientista computacional Wenyao Xu está produzindo um catálogo de sons de alimentos sendo mordidos, mastigados e engolidos. A pesquisa, que vem sendo realizada pela Universidade de Búfalo, no estado de Nova Iorque (EUA), foi publicada em fevereiro deste ano no periódico científico IEEE Sensors Journal. O diferencial do estudo é que os áudios servem de base para um sistema, capaz de reconhecer o alimento que está sendo ingerido por uma pessoa, por meio do acessório chamado AutoDietary, uma espécie de "colar" com microfone – está sendo desenvolvido em parceria com a Universidade do Nordeste da China. Após a detecção do som, a informação é transferida, usando bluetooth, para um aparelho celular, que detém um aplicativo específico, criado por Wenyao Xu. Com isso, é possível ter noção da dieta ou rotina alimentar diária do usuário, incluindo a ingestão de líquidos.
O AutoDietary transfere os dados do reconhecimento do alimento para um aplicativo de celular, que mostra a dieta do usuário. Isso poderá ajudar pessoas que sofrem de problemas como diabetes - Foto: University at Buffalo/Divulgação
A pesquisa que associou o produto consumido ao respectivo som foi feita com 12 voluntários, de idades variadas. Eles beberam água e comeram seis tipos de alimentos: maçã, cenoura, batata chips, cookie, amendoim e nozes. O AutoDietary foi capaz de reconhecer corretamente 85% dos produtos que foram consumidos pelos voluntários.

"Cada alimento, conforme é mastigado, tem sua própria 'voz'", diz Xu, em entrevista ao site oficial da Universidade de Búfalo.
Ele acredita que, um dia, com o aperfeiçoamento do aparelho, o AutoDietary poderá ajudar no controle do diabetes, da obesidade e de distúrbios alimentares, justamente por permitir o monitoramento do que está sendo ingerido.

Por enquanto, o "colar" criado pelo cientista computacional possui sérias limitações, que o tornam incapaz de diferenciar o som de alimentos mais complexos, como sopa e pizza, e também de produtos com texturas parecidas, como sorvete e mingau.

Abaixo, você pode conferir os sons produzidos pelo consumo de cookies e de amendoins:

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