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Bem-estar

Permanecer muito tempo sentado prejudica a longevidade

Segundo estudo, se as pessoas deixassem de ficar três horas sentadas, por dia, seria reduzido o número de mortes no mundo em até 4%

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Até 4% das mortes no mundo poderiam ser evitadas apenas reduzindo o tempo que as pessoas permanecem sentadas ao longo do dia.
Isso representaria uma redução de 433 mil mortes por ano. Os dados são de um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de Pelotas. "No limite, reduzindo o tempo sentado em até três horas por dia, seriam evitadas 4% de mortes. Entretanto, reduções mais singelas já repercutiriam em grandes ganhos em saúde pública. Por exemplo, reduzindo em duas horas por dia do tempo em que ficamos sentados, seriam evitadas 2% das mortes; se for uma redução de uma hora, teríamos 1,2% a menos de mortes", aponta o educador físico Leandro Fórnias Machado de Rezende, doutorando da Faculdade de Medicina da USP, e um dos pesquisadores.

O artigo sobre o tema foi publicado no periódico científico American Journal of Preventive Medicine.

A grande questão é: por que permanecer muito tempo sentado eleva o risco de morte? "Existem alguns mecanismos biológicos do corpo que explicam isso. Ficar muito tempo sentado diminui a expressão de óxido nítrico do organismo . Isso leva ao aumento do risco de alterações cardiovasculares.
Ocorre também a diminuição da ativação de uma enzima, a lipase lipoproteica, que é importante no metabolismo oxidativo, no controle de triglicérides, colesterol e outros fatores de risco metabólicos", explica Rezende.

O estudo teve o objetivo de avaliar quantas mortes poderiam ser evitadas no mundo caso fosse reduzido o tempo que as pessoas ficam sentadas ao longo do dia. Para isso, os pesquisadores precisavam de dois dados: o tempo médio mundial de permanência nessa posição e o aumento do risco de morte associado a esse tempo.

Estratégias possíveis

Mas, o educador físico é realista quanto à dificuldade de se reduzir o tempo que as pessoas permanecem sentadas, principalmente nas grandes cidades, onde é comum encontrar quem gaste muito mais de três horas diárias apenas no percurso entre a casa e o trabalho (sem contar o tempo de expediente). "Sempre que possível, as pessoas poderiam adotar algumas estratégias como ficar de pé, ir buscar água ou café. Uma reunião entre duas pessoas poderia ser feita caminhando lentamente", sugere.

O especialista lembra também que já existem no mercado mesas de trabalho que permitem o controle de altura e possibilitam trabalhar em pé. Para ele, é preciso ainda não culpabilizar as pessoas: as questões ambientais e sociais também devem ser levadas em conta. "Eu não vou deixar de me deslocar de carro ou de outro meio de transporte caso existam riscos de eu ser assaltado na rua usando uma bicicleta ou andando a pé. O ambiente precisa ser convidativo: uma calçada e uma ciclovia bem feitas, por exemplo, auxiliam na adoção de modos de vida mais ativos e saudáveis", completa.

(com Agência USP).