Revista Encontro

Esporte

Piloto mineiro Sérgio Sette Câmara é a nova esperança do Brasil para a Fórmula 1

Ele faz parte da categoria de base da Red Bull e vem se saindo muito bem na Fórmula 3 Europeia

Vinícius Andrade
Dizem que o sonho de todo garoto é ser um jogador de futebol.
A regra não se aplica ao jovem Sérgio Sette Câmara, de 17 anos, esperança brasileira para a Fórmula 1 (F1). "Desde muito pequeno, só me interessava em brincar com carrinhos, games de corridas e assistir provas de velocidade na TV", diz o mineirinho. A brincadeira se tornou profissão, e, agora, o piloto que deu as primeiras aceleradas em Belo Horizonte tem tudo para se tornar o brasileiro mais jovem a guiar um carro de F1.

Sette Câmara passou a integrar, no fim do ano passado, o Red Bull Junior Team, programa de desenvolvimento de pilotos da equipe austríaca tetracampeã mundial. No sábado, dia 16 de abril, ele teve a chance de pilotar o RB8, carro no qual Sebastian Vettel conquistou o título da F1 em 2012.

Este ano, Câmara disputa sua segunda temporada na Fórmula 3 Europeia. Em 2015, o jovem piloto conseguiu importantes feitos, como pódios nas corridas da Áustria e Bélgica, e recorde da pista no Grande Prêmio de Macau (China) – competição com mais de 60 anos de história.

Se no futebol o auge é chegar à Seleção Braisleira, no automobilismo, a Fórmula 1 é a menina dos olhos. "Hoje, consigo encarar isso como uma meta, um objetivo. Eu não gosto de fazer prognósticos de tempo, porque chegar à F1 depende de muitos fatores que vão bem além das pistas", comenta Câmara.

Confira a entrevista da Encontro com o piloto brasileiro Sérgio Sette Câmara:

REVISTA ENCONTRO – Como surgiu a paixão pelo automobilismo?
SÉRGIO SETTE CÂMARA – Eu sempre gostei de carros.
Desde muito pequeno só me interessava em brincar com carrinhos, games de corridas, assistir provas de velocidade na TV. Aliás, foi vendo corridas na TV que, um dia, perguntei para meu pai como uma pessoa se transformava num piloto de F1. Daí, ele me levou no antigo kartódromo Serra Verde, onde, hoje, existe a cidade administrativa. Lá comecei minha carreira.
- Foto: Quick Comunicação/Divulgação

Como você recebeu a notícia, no fim do ano passado, de que faria parte do programa de desenvolvimento de pilotos da Red Bull?
Na verdade, foi uma grande surpresa. O pessoal da Red Bull procurou o chefe da minha equipe e disseram que Helmut Markko, ex-piloto de F1 e responsável pelo desenvolvimento de pilotos da marca austríaca, gostaria de conversar comigo. Na mesma hora, fui informado e, em 10 minutos, Markko estava ao telefone comigo. Na semana seguinte, fui à Áustria, na sede da empresa e, cerca de um mês depois, retornei, para assinatura do contrato. Foi tudo muito rápido, claro e bem explicado. Esse é o programa que mais levou pilotos para a F1 nos últimos anos, e suas regras internas são bem simples. Se você for competitivo e lutando por vitórias no campeonato de acesso, eles te escolhem e permanece no programa. Se não mostrar resultados, é convidado a se retirar e ceder a vaga para outros.

Como avalia seu desempenho na Fórmula 3 Europeia em 2015?
Minha primeira temporada na F3 Europeia foi muito boa. Atualmente, o campeonato é uma das principais categorias de acesso à F1. Comecei o ano com apenas algumas provas na F3 Brasil e, diante de um grid com normalmente 36 pilotos, me classificava, no início, sempre entre o 20º e o 25º.
Na 4ª rodada, porém, em Spa-Francorchamps , consegui meus primeiros pontos e um pódio: o 3º lugar. Daí por diante, parece que alguma coisa 'ligou' e passei a me classificar entre os 10 primeiros nas tomadas de tempos. Voltei ao pódio na corrida da Áustria, na Red Bull Ring. Nas corridas extracampeonato, também fui muito bem, com a pole-position e o pódio no Masters de Zandvoort e o recorde da pista no Grande Prêmio de Macau , uma competição super tradicional no mundo, com mais de 60 anos de história.
"Sem dúvida o meu maior ídolo no automobilismo é Ayrton Senna", diz Sérgio Sette Câmara, mineiro que participa da categoria de base da equipe austríaca Red Bull - Foto: Quick Comunicação/Divulgação

Quais são os objetivos para este ano?
No contrato com a Red Bull, me permitiram continuar em 2016 com a mesma equipe técnica do ano passado, a Motopark Academy, da Alemanha. Bem entrosado com a equipe, com bom conhecimento do carro e das pistas, meu objetivo para 2016 é manter a competitividade durante todo o ano, fazer o maior número de pontos em cada uma das rodadas e, consequentemente, chegar ao final disputando o título.

Você já disse em outras entrevistas que seu sonho é disputar a Fórmula 1. Em quanto tempo você planeja chegar a modalidade mais popular do automobilismo?
Quando comecei a competir de kart, meu sonho era disputar a F1. Hoje, consigo encarar isso como uma meta, um objetivo. Não gosto de fazer prognósticos de tempo, porque chegar à F1 depende de muitos fatores que vão bem além das pistas. Vou me dedicar muito nesta temporada da F3 Europeia e, ao final, avaliar as possibilidades. A transferência para a GP3 ou a GP2 são os caminhos mais naturais, mas, tudo depende do meu desempenho este ano e o que iremos ter de orientação da Red Bull.
- Foto: Quick Comunicação/Divulgação

Qual seu maior ídolo do esporte?
Sem dúvida o meu maior ídolo no automobilismo é Ayrton Senna.
Mesmo sem nunca ter visto uma corrida dele, ao vivo, já assisti às gravações de quase todas elas. Ele era sensacional, realmente o maior de todos os tempos. Aliás, quanto ao Senna, eu fiquei extremamente lisonjeado, este ano, quando fui convidado pelo Instituto Ayrton Senna, entidade criada por ele para auxílio na educação de crianças carentes, para ajudar a difundir seus ideais. Tenho em meu carro estampada a marca 'Ayrton Senna Sempre', um selo criado pelo instituto.

Em quem você se espelha, atualmente?
Na atualidade, o meu maior ídolo é Sebastian Vettel. Na minha opinião, ele é um cara extremamente focado, interessado na competição, no carro, nos acertos. Não se importa muito com o que existe no seu entorno, e está sempre 100% voltado para a parte técnica. Eu o admiro muito..