O caso mais conhecido é o da americana Karen Byrne. Curiosamente, o problema dela começou após uma cirurgia para controlar a epilepsia, distúrbio que a afetava desde os 10 anos de idade. Durante o procedimento, o médico cortou seu corpo caloso, um feixe de fibras nervosas que mantêm os dois hemisférios do cérebro em permanente contato.
A cirurgia curou a epilepsia de Byrne, mas desencadeou um problema que deixou os médicos perplexos. A americana conta que sua mão estava fora de controle, chegando até mesmo a estapeá-la.
Um cérebro normal é formado por dois hemisférios, que se comunicam entre si por meio do corpo caloso. Byrne sofria com uma "luta de poder" dentro da sua cabeça. Normalmente, o hemisfério esquerdo é o dominante e tem a palavra final nas ações que desempenhamos. A descoberta deste domínio hemisférico aconteceu nos anos 1940, quando os cirurgiões começaram a tratar a epilepsia com o corte do corpo caloso.
No caso de Byrne, o lado direito do cérebro se recusava a ser dominado pelo lado esquerdo. Segundo a médica Rosamaria Guimarães, presidente da Sociedade Mineira de Neurologia, o caso da americana é raro, já que a maioria das vítimas da Síndrome da Mão Alheia surge devido a um AVC (acidente vascular cerebral), traumatismo, ou por ocorrência de tumores.
A especialista explica que existem tentativas de reabilitação, mas os resultados não são eficazes. "Normalmente, a Síndrome da Mão Alheia é decorrente de uma lesão estrutural, e a Medicina não consegue refazer a área que foi lesada. Exceto se o próprio cérebro fizer essa reorganização. Mas, isso ocorre independente da ação do médico", conta a neurologista..