Em defesa do parecer favorável à abertura do processo de impeachment, Jovair insiste em dois pontos que caracterizariam o crime de responsabilidade: a abertura de créditos suplementares via decreto presidencial, sem autorização do Congresso Nacional; e o adiamento de repasses para o custeio do Plano Safra, o que obrigou o Banco do Brasil a pagar benefícios sociais com recursos próprios – o que ficou conhecido como pedalada fiscal.
Jovair Arantes argumenta que a legislação brasileira proíbe a contratação de crédito entre instituição financeira estatal e o ente que a controla a fim de preservar o equilíbrio das contas públicas. "A Constituição é clara no sentido de que nenhum crédito orçamentário pode ser aberto sem autorização da legislação. A razão é garantir o controle do legislativo sobre os gastos públicos", explica Jovair.
O relator argumenta ainda que as operações ocorreram com conhecimento da denunciada e afirma que há indícios de má-fé. Em resumo, ele diz que a instauração do processo por crime de responsabilidade incluiria todos os requisitos apontados pela defesa de Dilma: atentado à Constituição, ato praticado pela presidente da república, tipificação legal, ato praticado no exercício da função, ação dolosa (com intenção).
Ao mesmo tempo, segundo Jovair, a prática mascarou a situação das finanças públicas e adiou seu conhecimento pela sociedade. "São vários os prejuízos: desemprego, recessão, paralisação dos programas sociais, inflação, aumento de preço, perda do poder de compra, fechamento de empresas. Os serviços públicos também estão falidos: há crise na saúde, na educação e na segurança", afirma.
Admissibilidade
Jovair Arantes ressalta, por outro lado, que a análise por enquanto se restringe à admissibilidade da denúncia e leva em conta os "indícios suficientes", não se falando em falta de provas.
O parlamentar diz ainda que seu relatório foi elogiado por editoriais, economistas, especialistas, juristas, com a exceção da defesa e dos setores do governo. Ele destaca ainda o caráter jurídico e político do processo de impeachment, o que justificaria a delegação do julgamento ao Congresso Nacional pela Constituição.
"Não há mais clima para este governo, não há mais base política de sustentação, ninguém mais acredita neste governo. Este governo não sabe dialogar. É um governo arrogante e autoritário que não aceita opiniões divergente", diz Jovair Arantes ao final de sua fala.
(com Agência Câmara).