Durante o sequestro, o invasor Rodrigo Augusto de Pádua, de 30 anos, ameaça matar Ana Hickmann e aterroriza, ainda, o cunhado e a assessora da apresentadora, que também ficam sob a mira da arma. Após dois tiros disparados pelo sequestrador, o cunhado da apresentadora toma a arma do suposto fã e o mata com três tiros. Por sorte, Ana Hickmann não foi atingida, mas a assessora acabou hospitalizada.
O caso ocorrido em BH traz à lembrança o trágico assassinato do músico John Lennon, líder dos Beatles, na noite de 8 de dezembro de 1980. Ao chegar em sua casa, no edifício Dakota, em Nova Iorque, o cantor inglês acabou sendo atingido por quatro tiros.
Os dois fatos trágicos revelam um comportamento que, muitas vezes, parece inocente, mas que pode se tornar perigoso. Afinal, até que ponto é saudável a relação entre fã e ídolo?
O problema da idolatria
O psicólogo Gilberto Diniz lembra que a idolatria é um comportamento que acompanha a história da humanidade. "Desde os tempos mais remotos, o ser humano elege ídolos. Nas religiões, são os deuses. Na era medieval, eram os reis e rainhas. Agora, é mais comum idolatrar pessoas famosas, pelas quais temos uma admiração", diz o especialista.
Atualmente, segundo o psicólogo, a relação entre as pessoas e seus ídolos tem se tornado cada vez mais intensa, e as redes sociais estão entre os principais fatores que desencadeiam o fanatismo exagerado. Gilberto explica que isso ocorre porque a internet facilita o acesso às informações pessoais das celebridades, o que, antes, eram sigilosas.
Ainda de acordo com o especialista, amigos e familiares podem notar quando a idolatria se torna um problema para a pessoa. "A partir do momento em que é notada uma fixação, um isolamento e uma intolerância com outros assuntos ou pessoas que não dividem a mesma opinião, é bom ficar atento", alerta o psicólogo.
Como mostra Gilberto Diniz, existe um grupo de pessoas que são mais propensas a desenvolverem problemas com a idolatria. "Indivíduos com baixa autoestima, inseguros e sem autoconfiança, podem desenvolver um fanatismo exacerbado devido à fragilidade e à necessidade de apoiar em algo ou alguém", completa o especialista.
Na ficção
A relação complicada entre fãs e celebridades também já foi retratada por Hollywood. O filme Estranha Obsessão (1996), do diretor Tony Scott, narra a história de um torcedor (Robert DeNiro) que é fanático por beisebol. Ele se vê decepcionado com o desempenho de um dos jogadores (Wesley Snipes) que mais admira. O torcedor começa, então, a desenvolver um desejo incontrolável de ajudar o ídolo. Porém, esse comportamento obsessivo acaba causando diversos problemas para o jogador..