Os abalos sísmicos que refletem no corpo de Moon Ribas, em diferentes magnitudes, logo se transformaram na performance Waiting for Earthquakes (Esperando por Terremotos, em tradução livre). A artista lembra que a dança é originária do próprio movimento da Terra, e que na ausência de sismos, também se encerra a performance. "Suponho que, além da arte, é como um convite a escutar o planeta. É uma sensibilização, algo mais forte. Como sensibilizar as pessoas de que ele está vivo e que, muitas vezes, não nos damos conta", comenta Ribas, em entrevista ao site da agência de notícias russa Sputnik.
A bailarina catalã vivenciou no corpo o terremoto de magnitude 7,3 que abalou o Nepal, em maio de 2015, e também o recente sismo de 7,8 graus na escala Richter, que deixou 659 mortos no Equador, em abril deste ano. "Quando esses terremotos afetam as vidas das pessoas, então, adquiro um sentimento muito estranho, porque esse sentido me une não apenas ao planeta, mas também a outras pessoas. Quando houve no Nepal, por exemplo, me sentia como se estivesse lá, porque sentia o terremoto.
A coreógrafa é ativista do movimento ciborgue. Ela acredita que, no futuro, assim como ela, as pessoas vão implantar chips no corpo, para aguçar os sentidos ou gerar novas percepções. Ribas é um co-fundadora da Cyborg Foundation (Fundação Ciborgue), com sede em Nova Iorque (EUA). A intenção é ajudar a população a conviver com os indivíduos cibernéticos e também incentivar a "mecanização" da humanidade. Para isso, ela criou a empresa Cyborgness, que produz chips com sensores prontos para serem implantados nos seres humanos. "Normalmente, nós apoiamos que as pessoas encontrem o próprio sentido, a própria maneira de perceber o mundo. Mas, há pessoas que querem mais. Já tivemos propostas e, por isso, decidimos criar a Cyborgness. As pessoas poderão comprar sentidos e implantá-los. O primeiro que iremos vender é o 'sentido de norte', o de orientação espacial", diz Ribas ao site da Sputnik.
Questionada se ela se considera uma ciborgue, a resposta é clara: "Eu me considero ciborgue porque tenho a cibernética no meu corpo. Me sinto unida à cibernética. Não apenas fisicamente, mas também mentalmente. Tenho um novo sentido, criado mediante a união entre cibernética e o corpo humano".
(com Agência Sputnik).