Revista Encontro

Comportamento

Descoberta a região do cérebro responsável pela 'bebedeira'

Cientistas realizaram o mapeamento cerebral e encontraram o 'cerne' do alcoolismo

João Paulo Martins
Neurologistas americanos descobriram uma rede de neurônios, localizados entre o centro do prazer e o das emoções, no cérebro, cuja atividade excessiva acaba contribuindo para o desenvolvimento do consumo descontrolado de álcool.
Essa informação faz parte de um estudo publicado no jornal científico americano Biological Psychiatry.

"Fomos encontrando, pouco a pouco, as últimas peças do 'quebra-cabeça' que permite compreender a formação do alcoolismo no cérebro. Agora, sabemos que as regiões que trabalham com o sentido de prazer e de estresse, são chaves para perceber o fenômeno do consumo excessivo de álcool. Além disso, o hormônio responsável pelo estresse pode ser base para o tratamento da doença", diz o pesquisador Todd Thiele, da Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill (EUA), no artigo de apresentação da pesquisa.

Thiele e demais cientistas envolvidos com o estrudo chegaran a tal conclusão após observar o funcionamento do cérebro de ratazanas, especialmente a cooperação entre as várias regiões do órgão. Uma parte das cobaias estava com a saúde em dia, enquanto as demais apresentavam sintomas do alcoolismo.

Segundo a pesquisa, o centro do prazer no cérebro, também chamado de área tegmental ventral, inclui uma série de neurônios que reagem ao hormônio responsável pelo estresse (corticotropina). O funcionamento destas células pode depender da quantidade de álcool utilizado pelas pessoas, e a equipe de Thiele decidiu examinar o que aconteceria se houvesse o bloqueio delas.

O experimento mostrou que os neurônios, na verdade, dependem da quantidade de álcool consumida, mas apresentam uma série de "fibras", que ligam parte da área tagmental ventral a outra região do cérebro, responsável pelas emoções, pela memória e pela tomada de decisões. Com isso, o álcool estimula o funcionamento dessa região, que reage ao estresse, e leva o animal a se tornar alcoólatra. Esse problema poderia ser interrompido, caso se consiga bloquear as células que compõem essa "fibra".

Cientistas esperam conseguir criar medicamentos contra o alcoolismo que atinjam diretamente essas células.

(com Agência Sputnik).