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Professora mineira faz desabafo no Facebook e vira notícia na internet

A educadora se sensibilizou com a explicação de um aluno que não fez um desenho de Dia das Mães

Marcelo Fraga
Uma publicação no Facebook, feita pela professora mineira Márcia Moraes, que trabalha na cidade de Ipatinga - localizada no Vale do Aço -, está se espalhando pela rede social.
No texto, que já foi compartilhado mais de 105 mil vezes e recebeu quase 500 mil curtidas, a educadora narra um fato ocorrido em sala de aula. Ela pediu aos alunos que fizessem um desenho para o Dia das Mães, mas acabou virando uma questão comportamental.

De acordo com o post da professora, uma das crianças se recusou a fazer a atividade em homenagem às mães. Ao ser questionado, o garoto explicou à Márcia Moraes que não faria o desenho porque, na última vez em que tentou entregar algo assim para sua mãe, ela recusou, dizendo que não queria mais papel e que os trabalhos estavam enchendo a casa de "lixo".

Ainda segundo a educadora, um outro aluno a confidenciou que a criança que se negou a fazer a atividade desejava que ela fosse sua mãe.

Entendendo o caso

Segundo a psicóloga infanto-juvenil Érica Frois, o "desabafo" feito pela professora denota uma falha no modelo pedagógico de boa parte das escolas. "O ideal seria que os educadores trabalhassem com uma ideia diferente de família, mais adequada à realidade atual. É comum que a figura da mãe, por exemplo, seja, para a criança, os tios ou, até mesmo, os avós", explica a especialista.

A psicóloga lembra que a figura da família "tradicional" formada por pai, mãe e filhos é ultrapassada do ponto de vista pedagógico. Um exemplo disso, segundo Érica Frois, é que, normalmente, os pais, sobretudo as mães, são as figuras mais requisitadas pelas escolas para participarem de reuniões e eventos, mas, geralmente, não podem comparecer ou acompanhar a situação dos filhos por motivos relacionados ao trabalho.

Logo, de acordo com a psicóloga, o modelo escolar precisa ser repensado de forma que a figura da mãe, principalmente, não seja sobrecarregada. "As escolas podem propor atividades direcionadas para toda a família, sem especificar pai e mãe.
Isso deixa os alunos à vontade para entregar uma homenagem ou convidar para um evento escolar a pessoa com a qual eles mais se identificam", sugere Érica Frois..