Revista Encontro

Comportamento

Francesas deixam de usar saia com medo de assédio no transporte público

A constatação foi feita por um estudo que ouviu 6 mil mulheres

João Paulo Martins
Se não bastassem as diversas notícias envolvendo violência contra a mulher, o resultado de um estudo feito pela Federação Nacional das Associações de Usuários de Transportes (Fnaut) da França chama ainda mais a atenção para o machismo.
Segundo a pesquisa, divulgada no início de junho deste ano, metade das francesas deixam de usar saia (que foi trocada pela calça) devido ao medo de sofrer assédio no transporte público.

Além disso, das 6 mil mulheres ouvidas pelo estudo, 87% disseram que já foram vítimas de assédio sexual, especialmente por meio de agressão verbal, e algumas até chegaram a sofrer abuso físico. Das que foram violentadas, 86% revelaram que as agressões sexuais foram praticadas na presença de outras pessoas e que, na maioria das vezes, ninguém se prontificou a ajudá-las.

O problema desse tipo de violência, que não é exclusividade francesa – em Belo Horizonte e em outras capitais brasileiras existem até vagões do metrô específicos para o público feminino –, é o baixo índice de denúncias. A pesquisa da Fnaut mostra que apenas 2% das mulheres assediadas prestaram queixa na delegacia – vale dizer que 70% dos casos apurados pela federação representam crimes reais.

Essa questão é tão séria na França que já foram criadas diversas campanhas de conscientização do público masculino. Algumas delas são assiandas pela organização não-governamental Osez le Feminisme, que atua desde 1901 na luta pela igualdade de gênero no país da liberdade, igualdade e fraternidade. "O problema é que o assédio sexual no transporte público se tornou banalizado. Existe em todo lugar, mas é algo que as turistas mais jovens logo percebem quando chegam em Paris", diz Margaux Collet, porta-voz da ONG francesa, em entrevista ao jornal The Local.

(com Agência Sputnik).