A pesquisa, coordenada pela professora Glaucia Maria Machado, analisou esses organismos marinhos e descobriu um composto chamado geodemolídeo, que tem função de inibir a metástase. Segundo a pesquisadora, a substância foi submetida a uma série de testes com o intuito de observar sua atuação. Com o tempo, se percebeu que a molécula atacava o citoesqueleto de actina das células cancerosas. Assim, como essa estrutura está relacionada com a mobilidade, acaba impedindo a migração para outras partes do corpo.
O estudo é importante já que existe a possibilidade de detectar esse tipo de câncer na fase inicial. É essencial que as mulheres fiquem atentas a alterações na mama e investiguem se surgir alguma anormalidade. Para Glaucia Machado, é fundamental o diagnóstico precoce para conter o tumor, mas, às vezes, alguns casos já estão muito avançados e as células tumorais acabam se proliferando por todo o corpo. Desta forma, a produção de uma droga que consiga conter o processo de metástase é uma contribuição muito importante.
A professora menciona que os organismos marinhos possuem muitas substâncias bioativas que podem ter um potencial quimioterapêutico. No caso das esponjas, como a Geodia corticostylifera, por não se movimentarem no mar, acabam produzindo toxinas diferentes para viver. Além disso, elas também possuem uma relação de interação com micro-organismos simbiontes. Ou seja, há uma troca e as esponjas proporcionam um ambiente para os organismos sobreviverem e produzirem moléculas que as ajudam a se proteger dos predadores.
O próximo passo do estudo é descobrir se essas toxinas são sintetizadas pelas próprias esponjas ou pelos organismos da simbiose. De acordo com Glaucia, se essas substâncias forem produzidas por esses micro-organismos, há uma grande vantagem, pois os compostos podem ser cultivados em laboratórios. No caso do geodemolídeo, os pesquisadores estão tentando fazer sua síntese in vitro. A professora ressalta que a molécula terá, então, um potencial terapêutico maior.
(com Agência USP).