Aos 91 anos, o agricultor, que chegou a frequentar o mosteiro Santa Maria de la Huerta, em Soria, entre 1952 e 1961, diz que decidiu dedicar sua vida a Deus quando ainda era jovem. "Fui expulso do mosteiro, porque estava doente com tuberculose e tinham medo que contaminasse o resto da comunidade. Então, retornei para Mejorada, frustrado com o caminho espiritual que seguia. Decidi construir na fazenda que pertencia à minha família, um trabalho em homenagem a Deus. Aos poucos, valendo-me dos bens que herdei, consegui levantar o edifício", conta Justo Gallego no documento que fica exposto na catedral incompleta.
Ele deixa claro que não seguiu nenhum projeto arquitetônico para erguer a catedral, que, pronta, deverá ter 28 cúpulas e 2 mil vidraças. "Está tudo na minha cabeça. Não sou um arquiteto ou construtor ou tenho qualquer formação relacionada a construção civil.
O ex-monge revela que levanta todos os dias às 3h30 da manhã e, com ajuda esporádica de sobrinhos e voluntários, constrói aos poucos sua grande obra, que, em grande parte, é formada por materiais reciclados, restos de demolição.
Atualmente, as duas principais torres da catedral estão com 30 m de altura e a ideia original de Justo Gallego é que chegue a 60. "Não há data prevista para a conclusão. Limito-me a oferecer ao Senhor todos os meus dias de trabalho. E assim eu vou, até o fim dos meus dias", completa o singelo agricultor.
O espanhol não revela, mas muitos acreditam que a obra seja dedicada a Nossa Senhora do Pilar, que é venerada na cidade de Zaragoza, que fica no nordeste da Espanha.
O mais curioso nessa história toda é saber que a catedral modesta, e ao mesmo tempo grandiosa, imaginada e construída por Justo Gallego Martínez, tenha sido instalada numa rua chamada Antonio Gaudí, artista que também responde por uma obra magnífica e inacabada: a Igreja da Sagrada Família, em Barcelona.
.