Antico possui essa aplitude visual extraordinária graças a uma rara diferença na maneira como os olhos são formados. Como mostra a oftalmologista Luciana Carvalhais de Carvalho, as pessoas comuns possuem três tipos de células na retina, denominados cones, que são responsáveis pela percepção das cores. A maioria da população, portanto, é tricromática (enxerga a mistura de verde, vermelho e azul). Em alguns casos, porém, acontece uma mutação no cromossomo X, formando, assim, quatro tipos de cones, o que possibilita a percepção de outras milhares de tonalidades. Daí a classificação da artista como tetracromata.
"Fala-se em tons amarelados, um pouco alaranjados.
Estudos realizados com a australiana mostraram que ela enxerga melhor em locais de baixa luminosidade, permitindo, por exemplo, visões diferenciadas do pôr do sol. Pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Irvine, nos Estados Unidos, fizeram vários testes com Concetta Antico e concluíram que a mutação, por si só, não permite visualizar cores diferentes. É necessário desenvolver esse potencial genético.
Por conta do gosto por pintura, a artista esteve mais atenta a variações de cores durante toda a vida. Os cientistas acreditam que esse fato contribuiu para que o cérebro dela recebesse sinais extras que seus olhos estavam enviando.
Segundo a oftalmologista, não é possível precisar qual a porcentagem da população é tetracromata. "Existem estudos que falam em 12% e até em 2%. É uma área ainda pouco explorada pela Medicina”, afirma Luciana Carvalho..