O estudo foi encomendado pela Samarco e pelas suas acionistas Vale e BHP Billiton ao escritório de advocacia dos Estados Unidos, Cleary Gottlieb Steen & Hamilton LLP. A apresentação do relatório final foi feita por um dos quatro especialistas responsáveis, Norbert Morgenster, professor emérito de engenharia civil pela Universidade de Alberta, no Canadá.
Segundo ele, é possível que pequenos abalos sísmicos ocorridos antes da tragédia tenham sido o estopim para conclusão do processo de rompimento da barragem, que já estava avançado.
Algumas das conclusões estão de acordo com o constatado pela Polícia Civil de Minas Gerais em investigação concluída em fevereiro. Entre elas, o estudo confirma que o rompimento ocorreu na lateral esquerda da barragem. Neste local, um recuo da estrutura foi construído apoiado em lama, que estava ali por erros na drenagem. Sobre uma base instável, a obra foi se deteriorando até a consumação da tragédia.
O episódio, que ocorreu em 5 de novembro de 2015, deixou 19 mortos, poluiu a bacia do Rio Doce e destruiu grandes áreas de vegetação nativa. Em fevereiro, a Polícia Civil indiciou sete pessoas, entre elas o ex-presidente da Samarco, Ricardo Vescovi.
Em nota à imprensa, a Samarco destaca que o escritório responsável pelo estudo foi contratado sob premissa de absoluta independência.
Licenças suspensas
No início de agosto, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais determinou a suspensão temporária de todas as licenças ambientais do Complexo de Germano, pertencente à Samarco. Além da barragem rompida de Fundão, o complexo é formado pelas barragens de Germano e de Santarém, todas elas em distritos do município de Mariana.
Na mesma semana, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região anulou a homologação do acordo firmado entre união, os estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, a empresa Samarco e as acionistas Vale e BHP Billiton.
As estimativas em torno do acordo apontavam para um gasto de R$ 20 bilhões ao longo de aproximadamente 15 anos para recuperação dos danos socioambientais que a tragédia provocou na bacia do Rio Doce.
A anulação da homologação havia sido pedida pelo Ministério Público Federal, que não concorda com os termos. Em maio, o órgão apresentou uma ação civil pública estimando em R$155 bilhões os prejuízos alcançados.
(com Agência Brasil).