Atualmente, o Comitê Internacional de Desportos de Surdos não é filiado ao Comitê Olímpico Internacional (COI) nem ao Comitê Paralímpico Internacional. A presidente da Confederação Brasileira de Desportos de Surdos (CBDS), Deborah Dias, conta que, em 1990, houve grande confusão nos comitês olímpicos nacionais sobre os jogos para atletas surdos. "Muitas organizações nacionais desportivas de surdos, que antes tinham vínculos diretos e harmoniosos com os comitês olímpicos nacionais, perderam essas ligações e foram forçadas a se unirem a uma organização desportiva nacional de deficientes, perdendo a autonomia e grande parte do financiamento", diz.
Depois disso, em 1995, o Comitê Internacional de Desportos de Surdos, por decisão da maioria dos delegados, decidiu se retirar do Comitê Paralímpico Internacional.
Para Deborah, apesar de continuar realizando seus próprios jogos mundiais, a falta de visibilidade e de reconhecimento dificulta a obtenção de financiamento do esporte para surdos por empresas públicas e privadas. "Com essas dificuldades, os surdoatletas, quando não estão motivados, acabam desistindo de seus sonhos. Outros conseguem realizar, arcando com as despesas de treinamento e das competições de seu próprio bolso e de doações de alguns amigos e familiares", diz a presidente da CBDS.
Ela conta ainda que há uma dificuldade na integração dos atletas surdos na Paralimpíada. "Nos Jogos Surdolímpicos, os atletas são capazes de competir e interagir entre si, livremente, sem a necessidade de intérpretes de língua de sinais.
Segundo a presidente da Confederação Brasileira de Desportos de Surdos, os surdoatletas não se consideram pessoas com deficiência. "Pelo contrário, nós nos consideramos parte de uma minoria linguística e cultural. Em esportes de equipe e alguns individuais, a perda auditiva pode trazer algumas dificuldades ao atleta. No entanto, isso desaparece nos Jogos de Surdos", diz Deborah Dias. Segundo ela, as regras nos esportes para surdos são idênticas às de atletas sem deficiência, e a única adaptação que deve ser feita é a substituição da sinalização auditiva por visual. Entre os atletas que têm permissão para competir nos Jogos de Surdos não há classificações ou restrições, exceto a exigência de que tenha perda auditiva de pelo menos 55 decibéis no melhor ouvido.
(com Agência Brasil).