O programa, que deverá agora ser ampliado, pretende conter o crescimento do número de cesáreas, verificado nos últimos anos e ampliar o número de partos não cirúrgicos. "Em 2005, a gente tinha 75% de cesarianas nos nascimentos em hospitais particulares. Em 2015, estávamos com 85%. Era uma coisa crescente, e a gente não conseguia baixar esse percentual", diz Martha Oliveira, diretora de Desenvolvimento Setorial da ANS.
"A cesariana é uma cirurgia e, enquanto cirurgia, tem indicações, salva vidas. Mas isso estava sendo usado na saúde suplementar de forma completamente desorganizada", destaca a diretora sobre o fato de a cesárea ter se tornado a principal forma de parto na rede privada. De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, só existem duas indicações absolutas para o procedimento: a desproporção céfalo-pélvica e a apresentação prévia da placenta.
Nos últimos anos, entretanto, Martha Oliveira diz que o sistema de saúde suplementar começou a dar prioridade aos partos cirúrgicos.
Além de mudanças organizacionais, foram feitas diversas alterações nos procedimentos em relação à gestante. Evita-se o uso de medicamentos para diminuir a dor, com o uso de outros métodos, como a movimentação dentro do quarto. Os apartamentos são equipados com banquinhos, bolas e banheiras para serem usados como alívio durante o trabalho de parto. As mulheres não precisam ficar em jejum e a presença de um acompanhante é obrigatória.
Não foi verificado aumento do índice de complicações decorrentes do parto, como morte materna ou asfixia do bebê. Em três hospitais houve, inclusive, redução desses eventos, de 73 casos por 1 mil nascidos vivos para 31 para cada 1 mil nascidos.
A partir dos resultados, o projeto-piloto Parto Adequado será expandido agora para 150 hospitais de todo o país. "A gente cresce em dimensão, em número de partos, para, em dois anos, conseguir atingir a saúde suplementar toda no Brasil", afirma Martha Oliveira.
(com Agência Brasil).