Para entender as origens dos casos de diarreia, pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) têm analisado as cepas do vírus que circulam no Brasil, causando surtos com diferentes proporções. "Durante muito tempo, a incidência de norovírus esteve associada a ambientes confinados, como creches, asilos ou navios de cruzeiro. Hoje, a transmissão é amplamente distribuída e atinge pessoas de diferentes idades, em diversos locais", explica o virologista Tulio Machado Fumian, pesquisador do Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental do IOC. Um exemplo recente aconteceu em abril, quando mais de quatro mil pessoas foram infectadas na Espanha após o consumo de água mineral contaminada.
Em pesquisa publicada na revista científica Plos One, os pesquisadores da Fiocruz encontraram elevadas taxas de recombinação genética entre os norovírus associados a surtos ocorridos no estado do Rio Grande do Sul, entre 2004 e 2011. Estudo anterior já havia constatado que 45% dos surtos de diarreia identificados na região durante o período foram provocados pelo norovírus.
Segundo Tulio Fumian, as mutações ocorrem quando dois tpos de norovírus estão presentes em um mesmo indivíduo, em uma situação de coinfecção. "O processo de recombinação se desenvolve no interior das células infectadas.
De acordo com o pesquisador, conhecer os mecanismos de evolução desses vírus é fundamental para o desenvolvimento de uma vacina – a exemplo do que acontece hoje com a gripe, que conta com a imunização adaptada aos vírus circulantes. "Um dos principais empecilhos para o desenvolvimento de uma vacina eficaz tem sido a rápida evolução dos norovírus por mutação pontual e recombinação genética", comenta Tulio.
A lavagem das mãos com água e sabão antes das refeições ou após usar o banheiro, e a higienização dos ambientes usados para manipular alimentos são algumas das ações que podem contribuir para a diminuição da transmissão do norovírus.
(com Agência Fiocruz).