O projeto já foi apresentado ao Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte, mas ainda precisa ser votado na Câmara Municipal. A expectativa é que, com a retomada das atividades parlamentares, a partir de fevereiro, a pauta possa ser apreciada. O empreendimento, no entanto, demandaria a desapropriação da comunidade Vila Dias, que se instalou em parte do terreno, de forma irregular, em 1948. A vila fica entre a avenida dos Andradas e a rua Conselheiro Rocha, em frente ao Boulevard Shopping.
Outro entrave para a viabilidade da obra é a classificação do bairro, e também da região, como Área de Diretrizes Especiais, definida pela secretaria municipal de Políticas Urbanas. Essa atribuição demanda especificações urbanísticas diferenciadas.
Os empreendedores alegam, no entanto, que a região entre a rua Conselheiro Rocha e a avenida dos Andradas não é contemplada pelas legislações protecionistas, o que daria o aval para a construção das torres. "O país está sem dinheiro, e quando alguém quer investir, esbarra em bobagens. Se fosse em São Paulo ou no Rio de Janeiro, a obra já estaria em andamento", critica Rogério Martins, diretor técnico da PHV.
A construtora ainda faria uma contrapartida para aliviar possíveis transtornos ao trânsito da região. Pelo projeto do empreendimento, está prevista a construção de uma alça viária que fará a ligação entre a rua Conselheiro Rocha e a avenida dos Andradas.
Oposição
Para o advogado Luiz Fernando Vasconcelos, que defende os moradores da Vila Dias, a comunidade seria diretamente impactada pela construção das torres. "Pelo porte do empreendimento, fatalmente haveria um processo de expulsão dos moradores das vilas Dias e São Vicente. As próprias imagens do projeto dão a entender que as vilas não existem", esclarece o advogado.
Outro ponto questionado por Luiz Fernando diz respeito à questão paisagística. Segundo ele, com a construção das três torres de 80 m de altura, parte dos moradores do bairro Santa Tereza deixaria de avistar as montanhas que cercam a cidade e até mesmo a paróquia de Santa Tereza, um dos símbolos da região.
Arranha-céu
O local escolhido para o megaempreendimento é o mesmo que a PHV Engenharia havia planejado construir, em 2012, o que seria o maior edifício da América Latina. Na época, o projeto, também do escritório FarKasVölGyi, previa a construção de um arranha-céu com 85 andares e 350 m de altura. Após muita polêmica, o projeto acabou sendo arquivado..