Revista Encontro

Saúde

Uso de ar condicionado no Verão aumenta risco de olho seco

Além do ressecamento provocado pelo aparelho, outros fatores contribuem para a diminuição da quantidade de lágrima nos olhos

Da redação com assessorias
Olhos vermelhos, sensação de corpo estranho, ardência, coceira e visão borrada são os sintomas mais comuns da síndrome do olho seco.
De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, o número de pacientes com sintomas de olho seco dobrou de dezembro a janeiro. Não é para menos. Como mostra a Organização Mundial da Saúde (OMS), a incidência desse problema salta de 10 para 20% no Verão, especialmente entre pessoas que trabalham em ambientes com ar condicionado.

Nessas condições, o ar se torna muito seco e até quem tem produção normal de lágrima pode sentir algum desconforto ocular, afirma Queiroz Neto. O problema, ressalta o especialista, é que a exposição diária ao ar seco pode fazer com que o incômodo progrida para uma alteração crônica do filme lacrimal. A situação fica ainda pior para quem trabalha o dia todo no computador. Isso porque, pondera o médico, piscamos menos e a posição dos olhos falicita a evaporação da lágrima.

O especialista explica que a síndrome do olho seco é a mudança da qualidade ou quantidade em uma das três camadas da lágrima – oleosa , aquosa e proteica . A baixa umidade dos ambientes refrigerados provoca a evaporação da camada aquosa.
Sem lubrificação, os olhos ficam mais vulneráveis a inflamações e infecções. Para piorar, dados da OMS mostram que a higiene precária do ar condicionado facilita a proliferação de vírus, bactérias e fungos em 30% das empresas instaladas no Brasil.

"Isso explica porque a conjuntivite representa uma das principais causas de afastamento do trabalho durante o Verão", afirma Leôncio Queiroz Neto.

Fatores de risco

O médico lembra que o olho seco pode acometer tanto homens como mulheres, mas a população feminina tem duas vezes mais chance de ter o problema. Isso porque a síndrome pode estar relacionada às oscilações no nível do estrogênio durante a fase reprodutiva e à falta dele após a menopausa. "Blefarite intermitente pode ocorrer por falta de testosterona na região palpebral, o que interfere no funcionamento da glândula que secreta a lágrima", explica o especialista.

Além do ar seco e alterações hormonais o oftalmologista aponta outros fatores de risco:

Como mostra Queiroz Neto, o único colírio indicado na terapia de olho seco é a lágrima artificial. Mas, ao contrário do que muitos imaginam, ele não é um medicamento inofensivo. O oftalmologista conta que alguns pacientes usam este tipo de colírio até 10 vezes ao dia, quando a recomendação médica é de quatro vezes. O excesso provoca irritação por causa dos conservantes. "Como diz o ditado, a diferença entre veneno e remédio é a dose", afirma o especialista.

Prevenção

O médico afirma que para estimular a produção lacrimal, a recomendação é evitar o consumo de carne bovina, gorduras e carboidratos. O primeiro passo para melhorar a lubrificação dos olhos é  beber 2 l de água por dia.  A alimentação deve incluir as fontes de ácidos graxos encontrados na semente de linhaça, no óleo de peixe e nas amêndoas, além de frutas, verduras e legumes ricos em vitaminas A e E.

Nas atividades que exigem concentração visual como o uso de computador, Leôncio Queiróz Neto recomenda posicionar a tela 30 graus abaixo da linha dos olhos, fazer pausas de cinco minutos a cada hora de trabalho, e piscar voluntariamente..