Revista Encontro

Saúde

Especialista afirma que o paracetamol é perigoso para mulheres grávidas e crianças

O analgésico, muito consumido no mundo, pode causar hiperatividade, autismo e asma nas crianças, por exemplo

Vinícius Andrade
Em caso de dores, cólicas ou febre, o paracetamol costuma ser visto como uma solução imediata.
O analgésico é um dos remédios mais vendidos no mundo e, possivelmente, deve estar guardado em algum canto de sua casa. Alguns estudos, porém, têm advertido para os riscos do uso indiscriminado do fármaco, especialmente por mulheres grávidas e crianças pequenas. Até mesmo a afetividade das pessoas pode ser influenciada pela substância, segundo uma pesquisa americana.

Como mostra o professor Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas da USP, o paracetamol é propagado como sendo o analgésico antidiurético mais seguro. Porém, esta informação, na opinião do especialista, não procede.

"Um estudo realizado na Espanha mostra a correlação muito grande entre o consumo desse remédio pela mãe grávida e uma incidência maior de autismo e hiperatividade nas crianças", afirma o professor, em entrevista à Rádio USP. Conforme dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a venda de remédios para tratar déficit de atenção e hiperatividade em crianças e adolescentes aumentou quatro vezes no Brasil nos últimos 4 anos, o que pode ter relação com o uso do medicamento, de acordo com Anthony Wong.

Na entrevista, o especialista também destaca que o paracetamol não prejudica a criança apenas no útero, mas também após o nascimento. "Estudos mostram que o uso do paracetamol na infância aumenta as chances da criança ter asma não genética, que não é causada por alergia familiar", revela o médico. Outra pesquisa realizada na Europa, que avaliou mais de 14 milhões de pessoas, sugere que esse analgésico é a principal causa de chiado e bronquite na população.

Ainda segundo Wong, outro estudo realizado nos Estados Unidos revela que o paracetamol interfere nas relações psicossociais entre os adultos.
No experimento, foi contada a mesma história para um grupo de pessoas que não havia feito uso do remédio e para outra turma que consumira o analgésico. O resultado mostrou que a reação de compaixão e afetividade foi menor no segundo grupo.

Grávidas

De acordo com o professor da USP, o uso do medicamento por mulheres grávidas aumenta o risco do neném do sexo masculino apresentar criptorquidia – uma anomalia em que os testículos não descem para a bolsa escrotal. Nesta situação, é necessário um procedimento cirúrgico para corrigir o problema. "O paracetamol tem sua eficácia para controlar febre e dor, mas precisa ser usado com muito cuidado, em doses bem definidas", adverte Anthony Wong.

Alternativa

Para o médico, o ibuprofeno, apesar de ser mais caro, é mais seguro e eficaz. O especialista também indica a dipirona por considerá-la mais segura.

(com Rádio USP).