Revista Encontro

Educação

MEC nega que hackers tenham alterado o cadastro no Sisu de alguns candidatos do Enem

Um exemplo é o caso da jovem que supostamente teria tirado mil na redação e sido matriculada em curso de produção de cachaça

João Paulo Martins
Na terça, dia 31 de janeiro, circulou na internet boatos de que hackers teriam invadido algumas contas de candidatos que prestaram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2016 e que, com a invasão, alguns dados cadastrais teriam sido alterados, incluindo notas e opção de curso no Sistema de Seleção Unificada (Sisu).
Um exemplo seria a jovem estudante Terezinha Gomes Loureiro Gayoso, de 23 anos, que mora na Paraíba. Segundo noticiou o site da revista Época, a candidata supostamente teve sua conta invadida e sua opção pelo curso de Medicina teria sido alterada para o de Produção de Cachaça no Instituto Federal do Norte de Minas Gerais, na cidade de Salinas.

Em entrevista para a revista, Terezinha disse que estava acessando normalmente o site do Sisu na segunda (30), mas, que, somente na terça (31), é que descobriu a suposta alteração em seu cadastro. "Não consigo acreditar que fizeram essa ruindade comigo", diz a jovem paraibana à Época. Além da mudança no curso, supostamente ela teria perdido a nota mil que havia tirado na redação do Enem.

A publicação ainda informou que a ação dos hackers teria sido planejada no domingo (29) e que mensagens em fóruns na internet comprovariam esse suposto planejamento.

Porém, em comunicado enviado à imprensa, o Ministério da Educação (MEC) esclarece que seus sistemas, incluindo o Sisu, não tinham qualquer indício de acesso indevido às informações dos estudantes cadastrados. "Há relatos na imprensa de casos pontuais de acesso indevido a dados pessoais de candidatos, que teriam possibilitado mudança de senha e de dados de inscrição, como a opção de curso. A senha é sigilosa e só pode ser alterada pelo candidato ou por alguém que tenha acesso indevidamente a dados pessoais do candidato. Casos individuais que forem identificados e informados ao MEC, como suposta mudança indevida de senha e violação de dados, serão remetidos para investigação da Polícia Federal", explica o ministério.

O MEC faz questão de mostrar que os dois casos mais divulgados na terça (31) não tiveram qualquer relação com invasão de hackers.
Um deles, relacionado à candidata Gabriela de Souza Ribeiro, que teria perdido a nota máxima na redação do Enem 2016, na verdade, segundo mostra o Ministério da Educação, obteve apenas 460 pontos. "Constam dos registros do Sisu acessos com os dados da candidata nos dias 24 e 29 de janeiro, respectivamente, às 11h30 e 12h33, e em nenhum deles foi realizada inscrição em qualquer curso", diz o MEC no comunicado à imprensa.

O mesmo teria ocorrido com a paraibana Terezinha Gomes Loureiro Gayoso. "Constam dos registros do Sisu acessos nos dias 24 e 29 de janeiro, respectivamente, às 12h15 e 22h12. O sistema também apresenta três tentativas de acessos sem sucesso (no dia 24 de janeiro, sendo dois deles às 20h06 e o último às 20h07). A única opção de escolha de curso que está registrada é a do curso de produção de cachaça do Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais – Campus Salinas", explica o MEC. O Ministério da Educação lembra ainda que a jovem da Paraíba estava incluída entre os candidatos de baixa renda e que, em 2011, ela ficou na lista de espera do Sisu por uma vaga no curso de Medicina..