No estudo, os pesquisadores Fernando Abad-Franch, Elvira Zamora-Perea e Sérgio Luiz Bessa Luz, do Instituto Leônidas & Maria Deane, da Fiocruz Amazônia, verificaram a capacidade de utilização dos próprios mosquitos para disseminar o larvicida Pyriproxyfen em criadouros aquáticos, por meio de uma espécie de armadilha, chamada de estação disseminadora de larvicida. A conclusão foi que, mesmo sob cenários adversos, a estratégia pode tornar-se uma importante ferramenta para melhorar a saúde pública global, sinalizando novos caminhos na prevenção de doenças transmitidas por mosquitos. O estudo foi publicado recentemente no periódico científico PLOS Medicine.
Para a pesquisa, foram selecionadas 100 residências em Manacapuru, distribuídas uniformemente pela cidade, para a vigilância de mosquitos, como criadouros sentinela, monitorando as populações locais do inseto, por um ano. Depois, foram distribuídas por toda a cidade mil estações disseminadoras de larvicida – recipientes com as paredes cobertas por um pano preto, tratado com pó de Pyriproxyfen. As estações disseminadoras continham um pouco de água para atrair as fêmeas dos mosquitos.
As mudanças na população do inseto foram percebidas 15 dias após a distribuição das estações disseminadoras. O número de larvas de Aedes aegypti nos criadouros sentinela caiu entre 80 e 90%, e a mortalidade das larvas aumentou para quase 90% durante a disseminação de Pyriproxyfen.
Por fim, os pesquisadores usaram modelos matemáticos para investigar o impacto potencial desta drástica redução da emergência de fêmeas de Aedes na cidade. O número de fêmeas do mosquito transmissor da dengue na localidade simplesmente não seria suficiente para manter a transmissão do vírus, e o surto desapareceria rapidamente, sem alcançar dimensões de epidemia.
(com Agência Fiocruz).