A mensagem que começou a circular em fevereiro deste ano afirma que o paracetamol P-500 contém um perigoso vírus conhecido como machupo, que possui sintomas semelhantes aos causados pelo temido ebola, principalmente a febre hemorrágica. Por causa disso, o texto diz, ainda, que as pessoas não devem tomar o medicamento em hipótese nenhuma e que devem compartilhar a notícia com os contatos. O texto também "esclarece" que esse tipo de paracetamol seria uma nova versão da substância, com comprimidos mais brancos e brilhantes, e que possui uma alta taxa de mortalidade entre aqueles que o utilizam.
Será verdade?
Como mostra o site e-Farsas, especializado em desbancar as mentiras que circulam na internet, tudo leva a crer que se trata de mais uma mentira propagada no aplicativo WhatsApp. Isso porque a mensagem não cita nenhuma fonte. Ou seja, não se sabe qual é a origem das afirmações e, tampouco, se elas foram divulgadas por um órgão fiscalizador oficial, ligado a algum governo federal.
No caso do Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) seria a responsável por alertar a população e retirar o medicamento do mercado, caso ele representasse qualquer perigo para a saúde dos brasileiros.
Nos Estados Unidos, por sua vez, o órgão correspondente à Anvisa é a Food and Drug Administration (FDA). No sites desses dois órgãos não existe qualquer alerta em relação ao medicamento analgésico.
Paracetamol P-500 existe?
Outro aspecto duvidoso do texto é que ele trata do paracetamol P-500 como se fosse uma nova versão da substância, que seria mais branca e brilhante. Na verdade, o termo "P-500" é apenas uma nomenclatura utilizada nos EUA para especificar os comprimidos cuja quantidade do princípio ativo é de 500 mg.
Medicamento contaminado por vírus?
De acordo com o National Health Service (NHS, ou Serviço Nacional de Saúde), do Reino Unido, a grande maioria dos vírus não sobrevive por muito tempo fora do organismo de seus hospedeiros.
E isso, de acordo com o site do NHS, ainda depende das condições do ambiente, como a temperatura e a umidade. Logo, conclui-se que seria muito difícil um vírus permanecer vivo dentro de um medicamento para, em seguida, contaminar um ser humano que o ingerisse.
O vírus machupo
Sim, existe, de fato, um vírus chamado machupo, e ele é bastante perigoso. De acordo com o site da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, o machupo também é conhecido como febre hemorrágica boliviana, por estar contido nas fezes, urina e saliva de um rato típico da Bolívia. Ainda segundo a instituição de ensino, foi justamente nesse país sulamericano que o perigoso vírus fez sua primeira vítima, em 1959.
O contágio do machupo se dá quando o roedor tem contato com alimentos. Os principais sintomas da doença são: febre alta; dor de cabeça; fadiga; e dores pelo corpo. O diagnóstico, de acordo com a Universidade de Stanford, é difícil de ser conseguido, porque os sintomas são muito parecidos com os causados por outras doenças, como a dengue, a malária e ebola..