A OMS define como audição normal a de pessoas que conseguem escutar sons de até 25 decibéis ou mais baixos nos dois ouvidos. Quem ouve acima desse limiar teria algum tipo de perda auditiva.
O organismo internacional divide as causas das deficiências em duas categorias. As chamadas causas congênitas são: doenças como rubéola congênita, sífilis e outras infecções durante a gravidez; nascimento abaixo do peso ideal; falta de oxigênio na hora do parto; uso inapropriado de medicamentos ao longo da gestação; e icterícia neonatal, um problema de saúde que pode danificar o nervo auditivo em recém-nascidos. A outra categoria são as causas adquiridas – meningite, sarampo, caxumba, infecções crônicas no ouvido, otite média, lesões na cabeça ou no ouvido e uso de alguns remédios, como os utilizados no tratamento de infecções neonatais, malária, câncer e tuberculoses agressivas.
Esse conjunto de fatores também inclui a exposição a quantidades excessivas de ruído – seja no espaço de trabalho, como o contato com o barulho de máquinas e explosões, seja em atividades recreativas, como escutar música em fones de ouvido por tempo prolongado e a volumes muito altos ou frequentar shows, bares e eventos esportivos.
Segundo a OMS, nos países de média e baixa renda, cerca de 50% das pessoas de 12 a 35 anos escutam música em intensidade e duração consideradas perigosas para a audição. Além disso, 40% do mesmo grupo está suscetível a níveis prejudiciais de ruído em bares, boates e competições esportivas.
O envelhecimento e o acúmulo de cera – ou outras partículas estranhas – também são citados pela OMS como causas adquiridas.
Dados coletados pelo órgão da ONU mostram que as perdas auditivas custam de US$ 67 bilhões (R$ 207 bilhões) a US$ 107 bilhões (R$ 331 bi) por ano aos sistemas de saúde. Os valores estimados não incluem as despesas com aparelhos auditivos e próteses cocleares pessoais.
Prevenção
Para reverter esse cenário e proteger os ouvidos das atuais e futuras gerações, a OMS recomenda que países invistam na prevenção. Até 60% dos casos de perda auditiva entre jovens com até 15 anos podem ser prevenidos, sobretudo com ações contra o sarampo, caxumba, meningite, infecções por citomegalovírus e otite média crônica.
Essas complicações de saúde representam 31% das causas de deficiências nas audições de crianças e adolescentes. Algumas delas podem ser evitadas com vacinas ou com acompanhamento médico adequado.
A OMS também recomenda o que descreve como "escuta segura", ou seja, práticas que protegem os ouvidos de ruídos muito altos em atividades ocupacionais ou de lazer. O limiar de segurança definido por especialistas e pela organização é de sons com volume de 85 decibéis, que podem ser ouvidos por um máximo de oito horas. Conforme o volume aumenta, o tempo seguro de exposição cai dramaticamente.
Por exemplo, o som produzido pelo trem do metrô – estimado em 100 decibéis – pode ser escutado sem danos à saúde por apenas 15 minutos por dia.
Já o som produzido por fones de ouvido pode variar de 75 decibéis até 136 decibéis. Em boates e bares, o volume pode chegar a até 112 decibéis.
(com Nações Unidas).