Devido à maior pluviosidade, a caatinga deu lugar a árvores de grande porte e a erosão criou imensos canais ao longo do leito dos rios.
O objetivo principal da pesquisa era determinar o impacto de períodos muito específicos do passado geológico nas chuvas sobre a região nordeste da América do Sul, onde se situa o nordeste brasileiro. Segundo o professor Cristiano Chiessi, da USP, que participou do estudo, houve um enfraquecimento muito marcante da Célula de Revolvimento Meridional Atlântico, que é a circulação de água em grande escala que ocorre no oceano Atlântico. As águas quentes e com alta salinidade do Atlântico Sul são levadas para as altas latitudes do Atlântico Norte, ganhando densidade, afundando e voltando para o sul mais frias e em maiores profundidades.
A circulação das águas teria sido afetada em dois períodos no passado geológico recente, o Heinrich Stadial I (entre 18 e 15 mil anos atrás) e o Younger Dryas (entre 12,9 e 11,7 mil anos atrás). "Esses eventos provocaram o enfraquecimento ou até a estagnação da circulação de água, que deixou de transportar para o Hemisfério Norte uma quantidade de calor quase 100 mil vezes maior que a potência máxima da hidrelétrica de Itaipu. O calor não transportado ficou no Hemisfério Sul, o que causou grandes impactos na precipitação da região tropical", esclarece o pesquisador.
A precipitação ocorrida no nordeste do Brasil nesse período teria sido extremamente alta, como nunca registrado desde que começou a medição direta, com os instrumentos que temos hoje. Assim, o mais provável é que esse aumento nas chuvas tenha intensificado a erosão das margens dos rios e levado maior quantidade de sedimentos para o oceano.
De acordo com Cristiano Chiessi, a grande quantidade de chuvas teria mudado de forma radical a vegetação e o desenho do relevo do nordeste brasileiro.
(com Jornal da USP).