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Vice-presidente do Facebook na América Latina é acusado de desobediência

Diego Jorge Dzodan pode ser preso, por descumprir o Artigo 330 do Código Penal brasileiro

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A juíza federal Renata Andrade Lotufo aceitou a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) e abriu processo contra o vice-presidente do Facebook na América Latina, Diego Jorge Dzodan, pelo crime de desobediência.
Ele é o principal executivo no Brasil da rede social criada pelo americano Mark Zuckerberg.

Segundo a juíza, a denúncia cumpriu os requisitos e demonstrou "indícios suficientes da autoria e materialidade". O crime de desobediência, previsto no Artigo 330 do Código Penal, estabelece pena de 15 dias a seis meses de prisão e multa. Se condenado, o réu corre o risco de ter de cumprir pena privativa de liberdade na hipótese de reincidência criminal.

De acordo com o MPF, Diego Dzodan descumpriu, em 2016, ordens da 2ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, que havia determinado a quebra do sigilo telemático de um acusado de associação criminosa para tráfico internacional de drogas.

Quebra de sigilo

Segundo o Ministério Público, a interceptação da conversa do investigado por um aplicativo vinculado ao Facebook poderia ajudar a esclarecer ameaças que o investigado estava recebendo de outros integrantes da quadrilha. A decisão original de quebra de sigilo da conversa é de 27 de janeiro de 2016. O vice-presidente da rede social na América Latina foi notificado em 12 de fevereiro e o prazo para entregar as informações venceu em 29 de fevereiro.

"O Facebook, contudo, limitou-se a responder que seus termos de serviço e a legislação impediam a cooperação com a justiça, e que a empresa só entregaria o conteúdo de comunicações entre seus usuários mediante requerimento elaborado pelo departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça", diz o MPF em nota à imprensa.

Diante da resposta, a 2ª Vara Federal do Rio determinou a entrega das informações em 24 horas, sob pena de multa diária de R$ 20 mil em caso de descumprimento. Em 7 de março de 2016, a empresa foi intimada novamente e, segundo o MPF, decidiu não colaborar.

"Para o MPF, a decisão do Facebook demonstra menosprezo em relação à determinação judicial e um descaso em relação às leis brasileiras. Por ter sede no Brasil, a empresa Facebook do Brasil é obrigada a cumprir as decisões da justiça brasileira", destaca o MPF.

Em 7 de abril de 2016, em novo despacho, a Justiça Federal do Rio determinou busca e apreensão na empresa e a prisão em flagrante de Diego Dzodan em caso de nova desobediência.

Em nota divulgada nesta quarta-feira, dia 12 de abril, o Facebook diz que questiona a legalidade do processo: "Respeitamos a legislação brasileira e cooperamos no limite máximo da nossa capacidade técnica e jurídica com as autoridades.
O suposto crime que deu origem ao caso não autoriza interceptação e a acusação de desobediência não autoriza prisão em flagrante. O Facebook Brasil está questionando a legalidade do processo e vamos explorar todos os recursos legais disponíveis".

(com Agência Sputnik).