Revista Encontro

Bem-estar

Diminuiu o uso de cigarro na Região Metropolitana de Belo Horizonte, segundo a Fiocruz

Foram analisadas duas pesquisas, realizadas em 2003 e 2010, que mostrou também outros hábitos ligados à saúde

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Um estudo da Fiocruz Minas comparou dados coletados nas pesquisas de saúde realizadas na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) em 2003 e 2010 e apontou as mudanças ocorridas em relação aos hábitos que impactam na saúde.
Os pesquisadores se debruçaram sobre as respostas relacionadas ao tabagismo, ao consumo de bebidas alcoólicas, à alimentação, à prática de atividades físicas e à realização de exames preventivos. Ao todo, foram analisados 26.740 questionários. Na comparação dos dois inquéritos, os pesquisadores dividiram os entrevistados em conveniados a planos privados e não-conveniados.

"Entre 2003 e 2010, o Brasil vivenciou uma fase de crescimento econômico, e várias inovações sociais foram implementadas. Nosso intuito foi avaliar em que medida a situação impactou no comportamento das pessoas no que se refere à saúde, uma vez os hábitos interferem na ocorrência de uma série de doenças, como por exemplo os problemas crônicos", explica Estevão Valle, que esteve à frente da pesquisa na Fiocruz Minas.

De acordo com a análise, o tabagismo diminuiu tanto entre os conveniados a planos de saúde quanto entre os não-conveniados. A semelhança de resultado entre os dois grupos também ocorreu em relação ao consumo excessivo de álcool, porém, neste quesito, os dados são negativos, apontando para um aumento da prevalência na ingestão de bebidas alcoólicas. "Isso tem a ver com duas questões: legislação e aceitação por parte da sociedade. No caso do cigarro, há uma legislação mais restritiva, com a proibição de propagandas e limitações em espaços para fumantes.
Já o álcool, além de não contar com restrições legais, é bem mais aceito pela sociedade. As pessoas não encaram o álcool como uma droga maléfica como encaram o cigarro", afirma o pesquisador.

Também em relação ao consumo de legumes, frutas e hortaliças os dados mostram semelhanças de comportamento, com aumento na ingestão desse tipo de alimento por parte dos integrantes dos dois grupos. Para Valle, uma das explicações é o crescimento da renda no período analisado. "A renda das pessoas aumentou, e elas passaram a comer melhor. Soma-se a isso o aumento da escolaridade, também constatado nesses dois inquéritos, que torna a população mais consciente sobre a importância de se alimentar de forma adequada", explica.

Sedentarismo

No que se refere à prática regular de exercícios físicos, o estudo mostrou que, nos dois grupos, houve uma diminuição na realização dessas atividades. Além disso, aumentou o número de pessoas consideradas sedentárias por passarem boa parte do dia desenvolvendo tarefas que não exigem movimentação. "Uma explicação é o próprio contexto urbano, constituído por carros e com poucos espaços apropriados para prática de atividades. E ainda tem a questão da falta de tempo: quem mora na periferia leva cerca de duas horas para se deslocar da casa para o trabalho", comenta o pesquisador da Fiocruz Minas.

Um dado que chama a atenção diz respeito à realização de exames preventivos. Segundo a análise, cresceu o número de pessoas que fizeram mamografias, aferição de colesterol e citologia oncológica de colo de útero, porém, o crescimento foi mais significativo entre as que não têm plano privado. "Acreditamos que isso tenha relação com as estratégias do Programa de Saúde da Família, que, nesse período analisado, reforçou a atenção primária. E isso foi feito pelo SUS. Os planos privados focam na urgência e emergência, dando pouca relevância para a prevenção", diz Estevão Valle.

(com Agência Fiocruz).