"Originalmente, a Fiocruz e o Broad trabalharam para catalogar a biodiversidade do zika vírus no Brasil, o trabalho se expandiu e se tornou o maior estudo de genômica de zika nas Américas, em quantidade de amostras analisadas. Como resultado, percebemos que o vírus se espalhou do Brasil para as Américas, suscitando a necessidade de reforço da vigilância em todos estes países", explica Thiago Moreno L. Souza, pesquisador da Fiocruz e coautor sênior da pesquisa internacional.
As descobertas foram publicadas na quarta-feira, dia 24 de maio, na revista Nature, uma das mais prestigiadas publicações científicas do mundo. O estudo analisou mais de 200 amostras de pacientes e de mosquitos infectados, resultando em 110 genomas do zika vírus, presente em 11 países afetados. A análise inclui a maior coleção de novos genomas do vírus zika investigados até hoje. Os dados genômicos permitiram ao time de pesquisadores reconstruir pela primeira vez a disseminação do vírus na América do Sul, na América Central, no Caribe e no sul dos Estados Unidos.
Em muitas dessas regiões, o micro-organismo circulou por meses antes de casos locais de infecção serem detectados. Além do Brasil, o vírus parece ter chegado na Colômbia, nas Honduras, em Porto Rico e em outras regiões do Caribe de 4,5 a 9 meses antes das primeiras infecções locais serem confirmadas.
"Nosso objetivo coletivo era capturar um quadro tão completo quanto possível da base genômica da epidemia nas Américas. Trabalhar em conjunto era indispensável para esse objetivo. Ao invés de competirmos por publicações, queríamos que nossos artigos influenciassem uns aos outros, refletindo nosso compromisso com o bem maior", afirma Bronwyn MacInnisa, do Broad Institute, coautora sênior do estudo.
O vírus da zika continua sendo uma ameaça relevante à saúde pública nos países e regiões afetadas, sublinhando a necessidade para pesquisas e esforços de vigilância continuados sobre o infectante.
(com Agência Fiocruz).