"É fundamental que os profissionais da Odontologia tenham amplo conhecimento dos efeitos adversos de determinados componentes químicos presentes em inúmeros medicamentos amplamente utilizados, especialmente para tratar o câncer. No caso específico dos bisfosfonatos, o paciente deveria ser orientado a se consultar com um cirurgião-dentista antes de começar o tratamento da doença principal, se prevenindo da osteonecrose", comenta o especialista. Segundo a APCD, pela eficácia no tratamento de osteopenia e da osteoporose, os bisfosfonatos correspondem a 190 milhões de prescrições médicas em todo mundo.
"Uma parte da dose administrada costuma se acumular no osso, permanecendo ali até ocorrer sua completa absorção, o que pode levar meses ou anos. Os bisfosfonatos se concentram mais nos maxilares, por conta de sua maior vascularização e maior atividade celular em relação a outros ossos. Grande parte das reações adversas ocorre no sistema digestivo, favorecendo episódios de náusea, vômito, diarreia, inflamação e úlcera no esôfago. Mas, também surgem reações alérgicas, dores ósseas, musculares e articulares.
O dentista explica que esse tipo de medicamento não deve ser encarado de forma negativa, embora seu uso acenda uma luz de alerta diante dos possíveis desdobramentos. "Esses medicamentos reduzem a reabsorção óssea e oferecem uma série de outros benefícios para pacientes em tratamento de osteoporose e metástase óssea, entre outros. Porém, principalmente em pacientes que foram submetidos à extração dentária , temos percebido aumento dos casos de osteonecrose. Apesar do uso de antibióticos demonstrar bons resultados no controle das fases agudas da infecção e na melhora da dor, muitos pacientes necessitarão de tratamento cirúrgico na tentativa de resolução do problema", afirma o especialista.
Outro ponto importante destacado por Caroli é verificar com o médico se existe a possibilidade de suspensão ou substituição do medicamento quando o paciente for submetido a extrações dentárias ou procedimentos eletivos nos maxilares. "Isso contribuiria para minimizar o risco de desenvolvimento de osteonecrose. Vale lembrar que essa complicação pode comprometer a alimentação, o bem-estar e o estado emocional do paciente já debilitado por sua doença de base", diz o dentista..