"A taxa mostra que o número de doadores efetivos voltou a crescer de forma significativa, o que não estava acontecendo nos últimos semestres", diz o cirurgião cardiovascular José Lima Oliveira Júnior, integrante da Comissão de Remoção de Órgãos da ABTO, em entrevista à Agência Brasil.
O médico lembra que o principal entrave para o aumento do número de doadores no país é a recusa das famílias quando abordadas após a constatação da morte encefálica de algum parente. Atualmente, no Brasil, de cada 100 famílias, 43 recusam fazer a doação. "Esse é o principal entrave hoje", comenta o especialista. Essa taxa de recusa familiar varia de estado para estado. Na região norte, em alguns estados, a recusa alcança 90%. "De cada 10 famílias abordadas, nove recusam a doação", diz o cirurgião.
A situação é melhor na região sul, onde os estados do Paraná e de Santa Catarina apresentam taxas de recusa entre 22% e 23%, próximas da média de países desenvolvidos como os Estados Unidos, a Austrália, Espanha e o Canadá, cuja taxa oscila em torno de 20%.
O estudo mostra ainda que há um baixo aproveitamento dos órgãos de potenciais doadores notificados. No acumulado de janeiro a junho de 2017, 31% dos 5.309 potenciais doadores notificados foram aproveitados.
Por outro lado, a pesquisa da ABTO indica que a taxa de notificação de potenciais doadores aumentou 4,5% no primeiro semestre deste ano, enquanto a taxa de efetivação da doação de órgãos cresceu 7,2%. Foi registrado no período crescimento no número de transplantes de rim (5,8%), fígado (7,4%) e córneas (7,6%). Em contrapartida, ocorreu redução nos transplantes de coração (-3,6%), pulmão (-6,5%) e pâncreas (-6%). Oliveira Júnior esclareceu que pulmão e coração são órgãos mais difíceis de serem transplantados porque há recusa técnica, devido à viabilidade do órgão. "São órgãos mais sensíveis", completa o médico.
De acordo com o especialista, quase 35 mil brasileiros estão na fila à espera de um órgão. "A fila só aumenta ou diminui em função das pessoas que entram na fila e morrem, aguardando por um órgão, ou das pessoas que são transplantadas e não continuam na fila", diz. A maioria das pessoas que estão na fila aguardam doação de rim (20.523 pacientes).
(com Agência Brasil).