Revista Encontro

Meio-ambiente

Cientistas atestam que aquecimento global é o responsável pelos furacões mais destrutivos

O aumento da temperatura do oceano Atlântico seria a causa de fenômenos mais catastróficos como o Irma e o Harvey

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A ocorrência em setembro de dois furacões em um prazo de uma semana – o Harvey, no estado americano do Texas, e o Irma, em países do Caribe e na Flórida – reacendeu o debate sobre as mudanças climáticas.
A maior parte da comunidade científica americana relaciona a incidência de furacões cada vez mais destrutivos ao aumento da temperatura na Terra.

Um estudo chamado do Programa de Investigação da Mudança Global dos Estados Unidos, que reune cientistas da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica  (NOAA), da Nasa e de mais 11 agências federais americanas, afirma que a atividade humana contribui para o aumento da temperatura global e, consequentemente, a incidência de furacões.

No estudo, a incidência desse tipo de fenômeno mais destrutivos é usada como evidência de que é "muito provável que mais da metade do aumento das temperaturas, ao longo das últimas quatro décadas, foram causadas pela atividade humana".

O relatório é parte da Avaliação Nacional do Clima e começou a ser feito durante o mandato do então presidente dos EUA, Bill Clinton, em 1990. Em junho de 2017, o estudo foi publicado pela comunidade científica, que encaminhou o relatório para avaliação da Casa Branca. Até então, a administração do atual mandatário americano, Donald Trump, não se pronunciou.

As conclusões dos cientistas batem de frente com a ideologia defendida por Trump, ou seja, que não é possível comprovar que o aquecimento global é consequência da interferência humana.

A Union of Concerned Scientist (UCS, a sigla em inglês para a União dos Cientistas Preocupados com o Clima), uma entidade que reúne especialistas americanos, também publicou em sua página um artigo em que afirma haver probabilidade de ocorrerem mais furacões destrutivos, como o Irma, que afetaram milhões de comunidades e colocaram estruturas em risco.

A UCS lembra que "para as comunidades costeiras, as cicatrizes sociais, econômicas e físicas deixadas por grandes furacões, como o Irma, são devastadoras".

Os cientistas reafirmam que esses fenômenos são parte natural do sistema climático. Entretanto, lembram que as pesquisas recentes sugerem o aumento do poder destrutivo, ou intensidade, dos furacões desde a década de 1970, em particular na região do Atlântico Norte.

Medidas do potencial de destruição de furacões, calculadas a partir de sua força ao longo da vida útil, também mostram uma duplicação desse potencial nas últimas décadas. Um exemplo é o de um furacão que se mantém em níveis quatro  e cinco (mais destrutivos) na escala Saffir-Simpson (que vai de um a cinco) por mais tempo, causando mais danos.

Não só os furacões no Atlântico estão se intensificando, os tufões do Pacífico também estão atingindo a Ásia de maneira mais feroz.

Impacto nos oceanos

Cientistas ligados à UCS afirmam que os oceanos absorveram 93% do excesso de energia gerada pelo aquecimento global entre 1970 e 2010. Dessa maneira, foi possível observar a intensificação da atividade de furações em algumas regiões.

Vale lembrar que o furacão é um fenômeno formado pelo aquecimento das águas ocêanicas. Temperaturas marítimas superiores a 27º C causam a evaporação da água, que sobe até o nível das nuvens.
O contato entre o vapor quente e o ar frio da atmosfera provoca correntes de ar que se descolam em movimentos circulares e em formato de cone.

Os níveis do mar também estão subindo, porque com os oceanos mais quentes e a água se expande. Essa expansão, segundo a UCS, combinada com o derretimento das geleiras na Terra, causou um aumento médio global de aproximadamente 20 cm no nível do mar desde 1880.

A tendência esperada é de que haja aceleração desse processo nas próximas décadas. Níveis do mar mais elevados na região costeira e a água mais aquecida poderão proporcionar furacões destrutivos, como o Katrina (2005), o Harvey ou o Irma.

(com Agência Brasil).