O resultado mostrou que 99% das amostras estavam dentro dos limites permitidos. Foram avaliados cereais, leguminosas, frutas, hortaliças e raízes, totalizando 25 tipos de alimentos, que representam mais de 70% dos vegetais consumidos pela população.
Vale dizer que países como a França já proibiram um dos agrotóxicos mais usados no Brasil: o herbicida glifosato. Em 2009, a União Europeia já havia adotado o princípio da precaução como norma e proibiu a pulverização aérea de agrotóxicos. E os Estados Unidos já aboliram mais de 200 princípios ativos de pesticidas desde 1996.
Pesquisa do IBGE divulgada em 2015 concluiu que, nos 10 anos anteriores, o uso de agrotóxicos tinha aumentado 150%. Hoje, o Brasil consome cerca de um milhão de tonelada desses produtos por ano.
A médica sanitarista Jandira Maciel da Silva, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), afirma que existem poucas informações sobre o uso dos agrotóxicos pelos pequenos produtores, que, em geral, não sabem informar a quantidade e a periodicidade do manuseio dos pesticidas, o que dificulta diagnóstico relativo a queixas sobre problemas de saúde como formigamento no corpo, fraqueza, impotência sexual e outras.
"Precisamos avançar na notificação compulsória de problemas causados por agrotóxicos. Mas, para isso, temos que melhorar a capacitação dos profissionais de saúde e o diagnóstico", comenta a médica, que participou de audiência pública na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados.
Se não forem usados como manda o fabricante, segundo a professora da UFMG, os agrotóxicos podem causar sérios riscos à saúde do consumidor e principalmente do trabalhador do campo, como câncer, malformações de fetos e outros. Dependendo do tipo de exposição, podem até matar.
Leite contaminado
José Luiz Paixão, professor do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais, na cidade de Muriaé, aproveitou a audiência para apresentar dados relativos ao uso de produtos veterinários contra pragas e doenças, também considerados agrotóxicos por ele.
Segundo o especialista, em 2012, mais de 90% das amostras de leite produzidas no sudoeste e sul da Bahia apresentaram resíduos acima do considerado normal do antibiótico oxitetraciclina. "É um perigo subestimado, já que nenhum agricultor compra produto veterinário com nota fiscal e receituário", alerta o professor.
(com Agência Câmara Notícias).