Revista Encontro

Bem-estar

Médico lembra que as mulheres não devem exagerar no diagnóstico do câncer de mama

O alerta é válido especialmente no período do Outubro Rosa, que acaba elevando o número de mamografias

Da redação com assessorias
Em outubro, volta à tona as discussões sobre a prevenção do câncer de mama, especialmente por meio das mamografias.
A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) aproveita o período do Outubro Rosa para chamar a atenção para os riscos da exposição exagerada do tema, que pode levar as mulheres a fazerem exames excessivos e desnecessários.

A SBMFC critica a utilização da campanha como estratégia de marketing sem benefícios diretos à causa e, muitas vezes, com danos à população. Segundo a instituição, seria importante discutir a busca, a qualquer preço, do sobrediagnóstico e do sobretratamento.

"Sobrediagnóstico é encontrar um resultado positivo em um exame, no caso, a mamografia, e o considerar 'automaticamente' a evidência mais inquestionável de que realmente há uma doença, que, na realidade, trata-se mais de uma alteração num exame, e que não levará a pessoa rastreada a sofrer danos dessa 'doença'", explica o médico de família Luciano Duro, coordenador do Grupo de Trabalho de Prevenção Quaternária da SBMFC.

Conforme o especialista, sobretratamento é a consequência quase que imediata do sobrediagnóstico. Medicar o paciente da maneira que for, sem a garantia de que essa intervenção trará resultados positivos à vida da mulher, ou seja, não precisaria ter sido oferecida.

Luciano Duro cita como exemplo um estudo feito em 2016 nos Estados Unidos, sobre câncer de mama, em especial o sobrediagnóstico e o sobretratamento. Muitas mulheres entrevistadas na pesquisa nem sabiam desses dois conceitos. Pelo que foi mostrado no estudo, poucas americanas tinham ouvido falar sobre isso e, mesmo após explicação, a minoria mudariam de ideia sobre buscar o diagnóstico usando a mamografia.

"Entendemos como de extrema importância que a comunicação de todos os fatores envolvidos na prevenção do câncer de mama sejam discutidos abertamente, sejam pelos veículos de comunicação, seja pelos prestadores do cuidado, passando por gestores da saúde. Compreender o quão complexo pode ser a tomada de decisões sobre quando, como e quem rastrear para câncer de mama é tarefa árdua, mas totalmente possível.
A população necessita cada vez mais informações produzidas por entidades que cuidem e pensem nas pessoas sem interesses secundários, a fim de se gerar menos medos e confusões, com melhores resultados", comenta o médico..