Segundo o relatório divulgado nesta segunda, dia 9 de outubro, 11% dos brasileiros disseram ter pagado propina nos 12 meses anteriores à pesquisa para acessar serviços básicos, como escola pública, hospital, elaboração de documento de identidade, atendimento da polícia, tribunais e serviços de saneamento – é uma das menores taxas da América Latina, à frente apenas de Trinidad e Tobago (6%).
"Esse número é bem menor do que no México, que é de 50%, ou no Peru, que chega a quase 40%. Isso também vai na contramão de um certo discurso inadequado de que todo brasileiro é corrupto, desonesto, que o país não tem jeito. Temos que reconhecer que nosso país está passando por uma crise profunda, é um momento difícil que parece apontar para um futuro ruim, mas a corrupção sistêmica que percebemos talvez se dê nas altas esferas de poder, não na vida cotidiana do cidadão comum", avalia Fabiano Angélico, consultor sênior da Transparência Internacional no Brasil.
A pesquisa mostra ainda que 83% dos brasileiros ouvidos pela organização acreditam que pessoas comuns podem fazer a diferença na luta contra a corrupção. Outros 71% responderam que passariam um dia inteiro em um tribunal para fornecer evidências de casos de corrupção. O brasileiro é também o que mais acredita ser socialmente aceitável reportar casos de corrupção (74%).
"Existe uma percepção da população brasileira de que ela tem um papel na luta contra a corrupção e no fato de que a sociedade pode ajudar no combate à corrupção, o que é um dado muito positivo e acertado. Em nenhum país que conseguiu controlar a corrupção apenas os órgãos de estado, classe política e judiciário agiram. A sociedade tem papel importante em apoiar e cobrar", comenta Fabiano Angélico.
Ainda segundo os dados da Transparência Internacional, há percepção de brasileiros, peruanos, chilenos e venezuelanos de que a corrupção aumentou nos 12 meses anteriores à consulta. São considerados especialmente corruptos os policiais e os políticos por pelo menos 47% dos entrevistados. Mais da metade (53%) dos consultados também avaliaram que os governos vão mal no combate à corrupção.
(com Agência Brasil).