"É um assunto importante, que precisa ser mais entendido pelos pediatras, porque eles têm ação fundamental, tanto na prevenção quanto no encaminhamento das questões de violência", afirma o especialista, explicando que o bullying deve ser mais abordado dentro dos consultórios médicos. Vale lembrar que esse problema consiste em todas as atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais jovens contra um indivíduo ou grupo, causando dor e angústia, e executadas dentro de uma relação desigual de poder, tornando possível a intimidação da vítima.
O próprio pediatra pode intervir e orientar pais e filhos, conforme a gravidade da violência, desde uma conscientização no próprio consultório, a abordagem direta na escola, até o encaminhamento para um especialista. "Uma atitude ativa do pediatra é importante para evitar consequências graves. Perguntar como o paciente está indo na escola é simples, dar orientações", comenta Joel Cunha.
No guia da SBP há uma série de informações, inclusive que ajudam a identificar de forma correta o bullying. "A gente caracteriza o bullying como a intenção de humilhar. Não é algo com a intenção de causar um dano muito grande. Mas, por ser mais leve na intenção, não quer dizer que não tenha consequências mais graves, tanto físicas quanto psicológicas", afirma o médico.
O documento traz também orientações sobre atitudes a serem adotadas pelos diferentes atores.
Para Cunha, tanto o alvo quanto o autor do bullying têm que ser vistos com atenção especial, pois eles têm mais possibilidade de apresentar, ou de desenvolver no futuro, problemas ligados à saúde mental, como ansiedade, depressão e uso de drogas.
No caso da criança ou do adolescente que pratica atos de agressão contra os colegas, a Sociedade Brasileira de Pediatria pede que os pais e responsáveis não ignorem a situação, busquem respostas para os motivos do comportamento e evitem o uso da violência para resolução do problema. "É importante evitar ações meramente punitivas, porque isso pode até reforçar algo que este estudante sente e dar motivo para uma agressividade maior", explica o pediatra.
De acordo com Joel Cunha, os espectadores também são parte das estratégias de prevenção ao bullying. "É importante tornar visível a questão do bullying e incentivar todos a falar sobre isso e a conversar com os adultos para que a ação não aconteça. Se todos estiverem motivados e orientados a falar, pode não partir do alvo, mas daqueles espectadores", completa o especialista.
(com Agência Brasil).