É para pacientes com infecção recorrente ou refratária pelo Clostridium difficile, principalmente, que um tratamento promissor vem sendo indicado: o transplante fecal, que funciona por meio da infusão de uma solução composta de substrato fecal de pessoas sadias em pessoas doentes. Esta técnica já é muito utilizada no exterior, especialmente nos Estados Unidos, e chega pela primeira vez ao Brasil. O Hospital das Clínicas (HC) da UFMG é o primeiro no país a inaugurar um Centro de Transplante de Microbiota Fecal. Além de transplantes, o instituto também é um dos primeiros a manter um banco de fezes. Segundo o HC, já foi iniciado o processo de análise e seleção de pacientes para o primeiro procedimento.
"Até o momento, no país, há poucos relatos de transplante fecal. Apenas um estudo foi publicado, no ano de 2015, descrevendo a experiência de 12 pacientes submetidos ao transplante no hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Triagem
Desde março deste ano, quando teve início a implementação do serviço, já foi realizada uma triagem inicial com grupo de pessoas saudáveis, que doaram material fecal. As doações processadas e armazenadas num ultrafreezer – chega a uma temperatura de -80°C, o que garante o uso em longo prazo. O HC da UFMG já dispõe de material para o transplante de pelo menos cinco pacientes. "O transplante será realizado em indivíduos com infecção recorrente ou refratária pelo Clostridium difficile. O procedimento será como uma colonoscopia convencional, acrescida da infusão da microbiota", explica Luiz Gonzaga Coelho.
Segundo o Hospital das Clínicas, serão analisados pacientes do próprio HC e de outras instituições, já que, devido à portabilidade do substrato fecal, será possível fornecer esse tratamento para outros hospitais de Belo Horizonte e de outras cidades. O Centro de Transplante de Microbiota Fecal da UFMG possibilitará ainda o desenvolvimento de investigações científicas sobre as relações da microbiota intestinal com a saúde humana.
(com assessoria de comunicação do Hospital das Clínicas da UFMG).