Dados preliminares da pesquisa foram apresentados por Jayme Souza-Neto, coordenador do Laboratório de Genômica Funcional & Microbiologia de Vetores.
Segundo Souza-Neto, serão necessários novos estudos para caracterizar melhor o potencial larvicida dos microrganismos: avaliar as concentrações necessárias para que a ação ocorra, o período mínimo de exposição e o tempo que as bactérias permanecem ativas, entre outros fatores. "O estudo ainda está em fase inicial. No futuro, também pretendemos isolar alguns produtos liberados por essas bactérias no meio para entender como ocorre a ação larvicida", afirma o professor da Unesp.
Trabalhos anteriores do grupo de Jayme Souza-Neto haviam mostrado que o Aedes aegypti encontrado em Botucatu é menos suscetível à infecção pelo vírus da dengue do que insetos oriundos das cidades de Neópolis, em Sergipe, e Campo Grande, no Mato Grosso do Sul – locais onde a incidência da doença é maior.
Após alimentar os mosquitos em laboratório com sangue contaminado com o sorotipo 4 do vírus da dengue, o grupo observou que apenas 30% dos insetos coletados no interior paulista se contaminavam, enquanto o índice ficava entre 70% e 80% nas outras duas populações.
Por meio de técnicas de sequenciamento de genes em larga escala, o grupo identificou as espécies bacterianas que colonizavam o intestino dos insetos e observou que o microbioma presente nos grupos mais e menos suscetíveis era completamente diferente.
"Começamos, então, a investigar o potencial dessa microbiota intestinal de atuar como biolarvicida e também como antiviral. Nesse segundo tipo de ensaio, colocamos as bactérias ou os produtos por elas liberados em contato com o vírus da dengue e observamos se o patógeno perde a capacidade de infectar células", explica o pesquisador.
Segundo Souza-Neto, o mesmo tipo de ensaio será feito com o zika vírus, em breve. "Se conseguirmos identificar uma bactéria capaz de neutralizar esses patógenos, ela será uma potencial fonte para novos fármacos", completa.
(com Agência Fapesp).