Os números do Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência, frutos de uma parceria da Unesco com a Secretaria Nacional de Juventude e com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, reforçam que são os jovens de 15 a 29 anos, negros, moradores das periferias e das áreas metropolitanas dos grandes centros urbanos, as maiores vítimas da violência.
Nacionalmente, o risco de uma jovem negra ser vítima de homicídio é 2,19 vezes maior do que o de uma jovem branca. Desmembrando os dados, os pesquisadores identificaram que, no Rio Grande do Norte, o risco de assassinato para as negras dessa faixa etária é 8,11 vezes maior que o de uma jovem branca.
"Esse resultado revela a necessidade de avançarmos na garantia dos direitos das mulheres e no combate à violência ligada à questão de gênero", destaca Marlova Jovchelovitch Noleto, representante da Unesco, no texto que introduz o relatório. Segundo ela, para superar essa situação, é necessário que o governo promova ações públicas coordenadas em áreas como educação, saúde, trabalho e geração de renda e oportunidades iguais para todos.
Divulgado em junho deste ano, pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Atlas da Violência 2017 já revelava que, em 2015, 31.264 das 59.080 pessoas assassinadas eram jovens entre 15 e 29 anos. Dentre eles, 71% eram negros e pardos e 92% do sexo masculino. O atlas mostra ainda que, entre 2005 e 2015, a taxa de homicídios de mulheres brancas caiu 7,4%, enquanto a taxa de mortalidade de mulheres negras aumentou 22% no período.
Já o índice da Unesco reforça a constatação de que as taxas de homicídios de jovens não para de crescer desde a década de 1980, tendo atingido taxas endêmicas em 2015.
Considerando seis indicadores do relatório (mortalidade por homicídio; mortalidade por acidentes de trânsito; frequência à escola e situação de emprego; níveis de pobreza e de desigualdade e a comparação entre o risco relativo a homicídios de negros e brancos), os pesquisadores classificaram 12 estados como de alta vulnerabilidade juvenil à violência: Alagoas, Ceará, Pará, Pernambuco, Roraima, Maranhão, Amapá, Paraíba, Sergipe, Amazonas, Piauí e Bahia.
Já o Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Tocantins, Rondônia, Espírito Santo, Acre, Goiás, Rio de Janeiro e Paraná foram classificados como localidades de baixa vulnerabilidade. As unidades de federação onde os jovens de 15 a 29 anos estão menos vulneráveis à violência são Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina.
Os pesquisadores também calcularam que, em 24 das 27 unidades da federação, as chances de um jovem negro morrer assassinado é maior que a de um jovem branco. As exceções são o Paraná, onde a taxa de mortalidade de jovens brancos é superior à de jovens negros; Tocantins, onde o risco é bastante próximo, e Roraima, que não registrou nenhuma morte de jovem branco no período analisado, o que impediu comparações.
(com Agência Brasil).