Revista Encontro

Comportamento

Idosos também são vítimas comuns do alcoolismo

Solidão e tristeza são alguns fatores que levam ao vício nas bebidas na terceira idade

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Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, 9% dos idosos em todo o país consomem bebidas alcoólicas todos os dias, o que representa um número cinco vezes maior do que a média.
Para Edson Hirata, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, existem dois tipos de alcoolismo em idosos: o que atinge aqueles que já consumiam bebida alcoólica durante a juventude e a meia-idade, e que dão prosseguimento ao hábito ao envelhecerem; e o que é característico daqueles idosos que começam a beber a partir dos 60 anos de idade e que, por isso, estão enquadrados no que se chama de início tardio.

O que leva ao alcoolismo na terceira idade, conforme Hirata, são fatores estressantes e psicossociais relacionados ao envelhecimento, tais como perda de entes queridos ou de suporte social. Mas, até mesmo a aposentadoria pode contribuir com sua dose para o problema. Os mais atingidos são aqueles que apresentam uma maior dificuldade em lidar com perdas ou situações estressantes. O alcoolismo, é claro, traz consequências para a saúde dos idosos: as principais estão relacionadas aos problemas de natureza física. "O consumo do álcool em idoso, mesmo em baixa dose, aumenta o risco de queda, e queda em idoso é um problema muito grave", revela o professor da USP.

Outro efeito nocivo é o aumento no risco de quadros de confusão mental. Além disso, o alcoolismo pode interferir diretamente no tratamento de outras doenças frequentes em idosos, como a hipertensão.

O especialista esclarece que o tratamento do consumo abusivo de álcool difere de acordo com a faixa etária do indivíduo. Nos jovens, ele é, de forma geral, focado na dependência da bebida.
No caso dos idosos, busca-se identificar os fatores que estão levando ao alcoolismo.

Da mesma forma que o tratamento é diferente, o mesmo vale para os medicamentos, pois muitos deles não podem ser usados pelos mais velhos, que são mais suscetíveis aos efeitos colaterais do que os jovens. Também é importante observar que tanto a abordagem familiar quanto a social é fundamental para o idoso que passa por problemas de alcoolismo.

(com Rádio USP).