Revista Encontro

Ciência

Cientistas descobrem um ponto fraco no magnetismo da Terra

Essa falha pode ser um indício da futura reversão dos polos magnéticos

João Paulo Martins
Muito além de ser gerar as belas auroras boreais e ajudar no funcionamento das bússolas, o campo magnético da Terra é essencial para proteger nosso planeta da radiação cósmica e das constantes explosões solares.
Porém, os cientistas já sabem que, de tempos em tempos, os polos magnéticos terrestres trocam de lugar, num processo que pode levar milhares de anos e deixar a superfície do planeta exposta às intempéries do Universo. A última inversão do campo ocorreu há 780 mil anos e quase voltou a acontecer há 40 mil anos. Agora, pesquisadores da Universidade de Rochester, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, descobriram que existe uma anomalia em uma área do nosso campo magnético que o está enfraquecendo. Isto pode indicar que, em breve, teremos outra reversão dos polos.

O estudo, que foi publicado no periódico científico Geophysical Review Letters, descreve a chamada Anomalia do Atlântico Sul, que abrange uma área que vai do Chile ao Zimbábue, na África. Os especialistas alertam que, nessa região, o magnetismo da Terra está tão fraco que existe a recomendação para que satélites não passem por ela, como forma de evitar danos causados pelas radiações que atingem o planeta diariamente. "Nos já tínhamos conhecimento de que o campo magnético está mudando, mas não sabíamos se essa anomalia era incomum nessa região, há algum tempo, ou se era normal", comenta o físico Vincent Hare, da Universidade de Rochester e um dos autores do estudo, em entrevista para o site Science Alert, especializado em notícias científicas.

Os pesquisadores americanos descobriram ainda que esse enfraquecimento do magnetismo terrestre estaria ocorrendo há pelo menos 160 anos e que seria decorrente de uma enorme jazida de rocha densa intitulada Grande Província Africana de Cisalhamento (deformação rochosa) de Baixa Velocidade, que está situada a 2,9 mil km nas profundezas do continente africano.

Conforme os especialistas, essa densa região se encontra localizada entre o ferro derretido superquente do núcleo externo da Terra e o manto mais rígido e frio. Com isso, a jazida estaria afetando, de alguma forma, o ferro líquido, que é o responsável pela geração do campo magnético do nosso planeta.

Porém, os cientistas esclarecem que ainda são necessárias novas pesquisas para confirmar esse achado e que não é possível dizer se a inversão dos polos magnéticos deve ocorrer a "qualquer momento" ou daqui a milhares de anos.

(com portal Science Alert).