Segundo o pneumologista Maurício Meireles Goes, diretor da Sociedade Mineira de Pneumologia (SMP), não existe nenhuma evidência científica que comprove a eficácia desse recurso, a não ser que o artista tenha algum problema pulmonar e precise fazer uma suplementação de oxigênio para melhorar a resistência durante a apresentação.
Outra situação em que a medida poderia ser útil, de acordo com o médico, seria em shows realizados em cidades com altitude muito elevada, como La Paz, capital da Bolívia, que fica a 3.660 m acima do nível do mar. Neste caso, o ar é bem mais rarefeito e afeta, por exemplo, a respiração e a quantidade de oxigênio absorvida pelo organismo.
"Mas, se a pessoa estiver no nível do mar e não apresentar nenhum problema respiratório, a suplementação de oxigênio não vai garantir melhora de rendimento, seja para apresentar um show ou praticar uma atividade física", destaca o diretor da SMP.
Rei do Pop
Em 1986, o tabloide americano National Enquirer publicou a famosa foto do artista Michael Jackson dentro de uma câmara hiperbárica, levantando a hipótese de que o astro dormia nela todas as noites para receber supostos benefícios do oxigênio. Em 1993, a própria celebridade negou os boatos durante entrevista para a famosa apresentadora americana Oprah Winfrey.
"Essa história é tão louca, é uma coisa de tabloide, totalmente inventada. Eu vi a câmara no Centro de Queimados do Brotman Hospital e decidi apenas entrar nela e dar uma olhada, e alguém tirou a foto. Quando revelaram a fotografia, a pessoa que a revelou disse: 'Olhe, é o Michael Jackson!' Fez uma cópia e as fotos correram o mundo com essa mentira", argumentou o artista na época da entrevista.
Fator psicológico
O médico Maurício Goes acredita que muitos artistas recorrem ao suprimento de oxigênio pelo fator psicológico. De acordo com ele, após a descoberta do elemento, no século XVIII, existiam lojas que vendiam oxigênio com a promessa de melhorar o desempenho durante o dia.