Revista Encontro

Cidade

Comissão da ALMG vai discutir ausência de cobradores nos ônibus

Usuários estariam reclamando do risco causado pelo acúmulo de função dos motoristas

Encontro Digital
De uns meses para cá, a população de Belo Horizonte que utiliza o transporte coletivo começou a perceber que muitos ônibus passaram a circular sem a presença do cobrador.
Com isso, o motorista assumiu também a responsabilidade de receber as passagens e dar o troco para o usuário, quando necessário. "Há relatos de que os motoristas passaram a desempenhar múltiplas funções, como conduzir o coletivo, cobrar, receber, dar trocos, liberar catraca e ainda operar elevador de cadeirantes. Precisamos debater até que ponto isso é prejudicial", comenta o deputado Doutor Jean Freire (PT), presidente da Comissão de Participação Popular da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que solicitou a realização de audiência pública para debater o tema.

O parlamentar destaca que a intenção da comissão é discutir a fundo as consequências da ausência de cobradores para motoristas e passageiros. Para isso, são aguardados na audiência representantes do poder público e ainda de trabalhadores, empresas de transporte e usuários do sistema.

Ainda segundo o deputado, o requerimento da reunião foi proposto a partir de demanda apresentada por integrantes do Movimento Volta Cobradores de Contagem, onde várias linhas já estariam circulando sem os agentes de bordo, a exemplo do que estaria ocorrendo gradativamente em Belo Horizonte durante períodos diurnos.

Polêmica

A retirada dos cobradores do transporte coletivo tem gerado controvérsias. No caso de Belo Horizonte, as linhas do sistema BRT Move e veículos especiais podem operar sem o cobrador em período integral, conforme a Lei Municipal 10.526, de 2012. Para as demais linhas, a ausência do cobrador seria restrita ao horário noturno, domingos e feriados.

Representantes dos trabalhadores e de usuários, contudo, falam em desrespeito à norma, o que já teria provocado centenas de demissões de cobradores na capital mineira, resultando em sobrecarga para motoristas e riscos para passageiros. Mencionam, ainda, que as viagens sem cobrador também durante o dia seriam uma forma de pressão das empresas sobre o poder público, para que seja autorizado um aumento nas passagens.

Já a Prefeitura de Belo Horizonte divulgou em março deste ano um comunicado relatando que teria sido acordado com as empresas que não haveria a extinção de postos de trabalho, mas sim a requalificação dos cobradores.
"A Prefeitura de Belo Horizonte está atenta ao problema dos cobradores e esclarece que, em acordo com as empresas, não haverá as demissões alardeadas", aponta o texto da PBH.

Segundo a administração municipal, atualmente, cerca de 80% dos usuários do transporte coletivo da capital já utilizam o cartão BHBus para fazer as suas viagens.

(com portal da ALMG).